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TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Guerra, paz e fome
Do Jornal da Band, em
manchete, ontem:
- Guerra e paz. Bush defende
invasão. Lula pede justiça.
Antes, à tarde, na manchete da
Globo On Line:
- Bush e Lula: guerra e paz na
ONU.
Mas não foi bem assim. A
manchete do site do "Financial
Times", mais precisa:
- Annan e Bush se enfrentam
nas Nações Unidas.
Por mais repercussão que ele
tenha alcançado, Lula em Nova
York não foi um dos pólos do
conflito de ontem.
É a própria ONU, na figura do
secretário-geral, Kofi Annan,
que enfrenta o belicismo dos Estados Unidos.
Annan surgiu com palavras
carregadas contra a invasão,
George W. Bush veio em seguida com um pronunciamento róseo e eleitoral.
Mas Lula, certamente, está ao
lado de Annan, do francês Jacques Chirac, do espanhol Zapatero. Ele integra a oposição aos
EUA de Bush.
Em textos nos jornais americanos, que afinal mencionaram
sua existência, o brasileiro surge
como parte do esforço de Annan para tirar a ONU do domínio americano.
Segundo uma reportagem na
versão impressa do "Washington Post", ontem, a conferência
contra a fome foi "um esforço
para mudar o debate das prioridades" na entidade -dos "temas de segurança importantes
para os EUA" para "temas que
afetam os pobres".
Bush, sublinhou o "WP", "declinou de participar". Na mesma
linha, o site do "New York Times" noticiou o fato de que ele
"se recusou a apoiar a declaração sobre pobreza".
Mas não faltou registro para a
frase conciliatória de Lula, de
que os EUA "deram passo importante" ao enviar a secretária
de Agricultura. A qual, diga-se,
detonou a idéia.
A cobertura mais positiva para
o brasileiro veio do espanhol "El
País", que na versão impressa
deu manchete com foto, duas
longas reportagens e editorial.
Em resumo, comprou o Fome
Zero mundial.
Na reportagem de avaliação
do Fome Zero brasileiro, foram
ouvidos Frei Betto, para os "elogios", e o sociólogo Francisco de
Oliveira, para as "críticas". No
meio, também Zilda Arns, da
Pastoral da Criança, para um
juízo mais equilibrado:
- A grande conquista do Fome Zero foi chamar a atenção
para os níveis de pobreza, com
uma mobilização social gigantesca. No início houve muitas
promessas de campanha que
deviam ser cumpridas, mas faltou estratégia. As coisas estão
mais assentadas, mas para funcionar em todos os aspectos faltam três, quatro anos.
Quanto aos editoriais, o do "El
País" ("Matar a fome") foi abertamente favorável, com louvores a Zapatero.
Já para o britânico "Financial
Times", que adiantou pequeno
editorial intitulado "Boas intenções", antes de mais nada é preciso saber que "o programa contra a fome do próprio Lula, "Zero
Hunger", está longe de perfeito".
Mencionou a falta de controle,
por exemplo, da exigência de
manter na escola os filhos das famílias beneficiadas.
ONDA
Globo/Reprodução
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Pelas manchetes em série
nos telejornais nacionais,
mas principalmente pela
cobertura regional, de São
Paulo, o quadro é de uma
onda de greves às vésperas
da eleição. No SPTV:
- As greves voltam a tumultuar.
A novidade era a paralisação dos funcionários da
Vasp, que formou filas no aeroporto, como se viu. Mas
havia outra, no destaque da Jovem Pan:
- Os metalúrgicos ocuparam duas faixas da Paulista,
o que prejudicou o trânsito.
E havia, é claro, a dos bancários. Na manchete do UOL:
- Greve cresce e já atinge 24 capitais.
Mas o foco segue em São Paulo. Foi um destaque nos
telejornais da Globo, por fim, a quarta das greves, a pior
-e com a ameaça de intervenção federal.
Alerta
O corte do sinal da Record no
Rio, tirando do ar o programa
sobre um projeto que também é
mostrado na propaganda de
Marcelo Crivella, vem no bojo
de outras ações da emissora. O
Cidade Alerta carioca, com
Wagner Montes, não faz coisa
diferente ao "cobrir" Crivella
-e seus adversários.
Arbitrariedade
Mas não é o caso de afirmar,
como fez a Globo, que "a Record
não se pronunciou". Já o fez na
madrugada, falando em "atitude
arbitrária e nociva ao estado de
direito democrático".
Pode-se, é claro, discordar.
É bom
O SPTV não vem fazendo
muito diferente da Record, pelo
governador Geraldo Alckmin.
Ontem, destacou elogiosamente
a nova "redução de impostos",
que "deve tornar mais baratos"
vários produtos, "estimular a
modernização" etc.
Alckmin, no SPTV:
- Traz empresas para São
Paulo e gera emprego.
É guerra
Em contraste, logo depois o JN
nada mencionou de empregos
ou de queda nos preços, em sua
reportagem. Tratou as medidas
pelo devido nome:
- É a guerra fiscal.
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