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RECURSO FEDERAL
TCU fiscalizou trabalhos que recebem repasses do governo
Órgão que constrói estradas tem mais obras irregulares
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) lidera uma lista de 70
obras com indícios de irregularidades na aplicação de verbas federais divulgada ontem pelo TCU
(Tribunal de Contas da União).
Responsável por construir e recuperar rodovias, o Dnit executa 37
obras da relação (52,8%).
O presidente do TCU, Valmir
Campelo, entregou a lista ao presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), e sugeriu o bloqueio
dos repasses de recursos às obras
em 2005. Juntas, elas têm R$ 3 bilhões previstos apenas no Orçamento deste ano.
O Dnit é seguido pelo Ministério da Integração Nacional, com
18 obras (25,7%), sendo seis do
Dnocs (Departamento Nacional
de Obras contra a Seca).
O ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) disse que, desde
o início do governo Lula, há a determinação de suspender recursos para obras irregulares e atribuiu os problemas aos governos
anteriores. "Isso faz parte da herança maldita."
A Folha procurou ouvir o Dnit,
mas não obteve resposta.
Os indícios mais freqüentes foram de sobrepreço, superfaturamento, ilegalidades graves em
processo de licitação e alterações
indevidas em projetos. Nas 70
obras, foram apontados 137 indícios de falhas.
O TCU fiscalizou 414 obras financiadas total ou parcialmente
por recursos federais. Elas tiveram dotação de R$ 19,285 bilhões
no Orçamento deste ano.
Desse total, R$ 12,7 bilhões foram destinados a investimentos
na área de petróleo e R$ 3,5 bilhões, em energia elétrica. Entretanto, não há na lista nenhuma
obra da Petrobras e há apenas
uma do setor elétrico: a expansão
de rede de transmissão de Mato
Grosso, sob a responsabilidade da
Eletronorte (Centrais Elétricas do
Norte do Brasil), por superfaturamento e falha grave em licitação.
No total de obras fiscalizadas, o
transporte rodoviário teve a
maior participação (31%). Para
esse setor, foi previsto no Orçamento deste ano o repasse de
R$ 1,442 bilhão, o que equivale a
7,48% dos R$ 19,285 bilhões.
O Estado de São Paulo aparece
duas vezes na lista das obras com
indícios de irregularidades. Uma
é do Ministério da Integração Nacional, por causa de suposta alteração indevida no projeto. A outra é da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano, em razão
de suspeita de superfaturamento
e outras irregularidades.
O TCU fiscaliza as obras federais desde 1997 por determinação
da Lei de Diretrizes Orçamentárias. O trabalho é realizado por
350 analistas de controle externo
durante cinco meses de cada ano.
Os responsáveis pelas obras podem informar ao TCU sobre providências tomadas para corrigir
as falhas detectadas para elas serem excluídas da lista.
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