São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Todos por Freud

A maior preocupação no governo hoje é livrar Freud Godoy da encrenca do dossiê contra os tucanos, que varreu o coordenador da campanha de Lula, Ricardo Berzoini, e petistas do comitê e em postos do governo. Dos envolvidos, Freud é o mais próximo do presidente. Comprovada sua participação, seria impossível debitar tudo na conta da "central de burrice" do comitê reeleitoral, para usar a expressão de Lula. O assessor nem sequer fazia parte dessa estrutura.
Ministros passaram o dia de ontem empenhados em adiantar que a Polícia Federal "não encontrou absolutamente nada" contra Freud e está "prestes a concluir" por sua inocência completa no caso. A informação é reproduzida por parlamentares petistas.

Quase lá. A PF deve divulgar entre hoje e amanhã as contas das quais foi sacado o dinheiro para comprar informações contra tucanos. Os pedidos de autorização judicial para ter acesso a elas foram finalizados ontem.

Recluso. Ricardo Berzoini não atendeu aos telefonemas de aliados que ligaram para se solidarizar ontem. O recado na secretária eletrônica do celular do ex-presidente do PT ainda termina com o animado "um abraço e até a vitória!".

SC 1. Lurian, filha de Lula, trabalhou de 10/11/ 2003 a 8/ 7/2005 na Foco Projeto e Análise de Mercado Ltda., e não na One WG, agência que ganhou, também em 2003, a conta do Besc, banco público de Santa Catarina.

SC 2. O publicitário Wilfredo Gomes, proprietário da One WG, não é um dos sócios da Foco, empresa que faz pesquisas para sua agência.

Nuvens. De um dos membros do conselho político da campanha de Lula sobre o cenário pós-dossiê: "Tínhamos a vitória e agora temos a dúvida. Teríamos um mandato difícil. Agora, se de fato o tivermos, será sub judice".

Jatobá. Do deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), a propósito da lei, sancionada por Lula, que permite aos deficientes visuais entrarem com cão-guia em lugares públicos: "Lula podia aproveitar e comprar um cão-guia. Poderia ajudá-lo a ver os desmandos cometidos por seus companheiros".

Pela boca. Cid Benjamin (PSOL-RJ) diz em seu blog que, em 2002, entrevistou José Dirceu e ouviu o seguinte: "Estou montando um serviço secreto dentro do PT. Uma coisa que será sigilosa e que as pessoas não saberão que existe. Esse serviço ficará subordinado diretamente a mim".

Mais lenha. A campanha de Lula discute hoje a realização de um ato com lideranças da sociedade civil, acadêmicos e até artistas para protestar contra o que petistas chamam de "tentativa da oposição de melar as eleições".

Troca-troca. Cresce no PT o grupo que defende a saída não só de Ricardo Berzoini mas de todos os dirigentes da sigla. A idéia é eleger um novo comando durante o congresso do partido, marcado para o segundo semestre de 2007.

Nem aí. Candidatos a governador de partidos aliados mudaram o discurso. Após tentar colar suas campanhas à de Lula, agora dizem, se questionados sobre o escândalo: "O PT que se explique!".

Outro lado. Paulo Souto (PFL), que virou alvo do PT após um jornal da Bahia publicar críticas suas ao Bolsa-Família, nega ter chamado o programa de assistencialista. "Houve aproveitamento de uma reportagem errada, que mudou o discurso do governador", afirma sua assessoria.

Nada mudou. João Cláudio Genu, assessor do PP que recebeu recursos do valerioduto, continua empregado em cargo de assessor especial da Câmara, com salário de R$ 8.219. Seu pedido de férias de um mês, a partir de 4 de outubro, foi publicado anteontem no "Diário Oficial" da União.

Tiroteio

"O PT parece restaurante em decadência: está sempre sob nova direção."
Do governador CLÁUDIO LEMBO (PFL-SP) sobre Ricardo Berzoini, que, além de deixar a coordenação da campanha de Lula, está com o cargo de presidente do PT ameaçado devido a seu envolvimento no escândalo do dossiê. Berzoini substituiu José Genoino, derrubado pelo mensalão.

Contraponto

Clube da esquina

O petista Fernando Pimentel, prefeito de BH, concedia entrevista cheia de elogios a Aécio Neves e a Nilmário Miranda, seu correligionário e adversário do tucano na disputa pelo governo de Minas. Um jornalista não se conteve:
-Prefeito, me ajude a entender: Aécio só fala bem do senhor. Nilmário faz questão de dizer que é amigo seu há 30 anos. O que acontece na política mineira?
Pimentel, sempre citado como possível sucessor de Aécio num eventual acordo PSDB-PT, riu e respondeu:
-Minas é isso. É como nos versos do Drummond: "As montanhas escondem o que é Minas (...)/ ninguém sabe Minas (...)/ só os mineiros sabem/ e não dizem nem a si mesmos/ o irrevelável segredo chamado Minas".


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