São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2006

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Lula vê PT "insano" e diz "pôr a mão no fogo" por Mercadante

Presidente afirma que Berzoini deixa coordenação para afastar crise da campanha

Em entrevista à TV Globo, petista defende apuração de conteúdo de dossiê feito pela família Vedoin contra o candidato tucano José Serra


Sergio Lima/Folha Imagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento no Planalto


EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que são "insanos" os petistas envolvidos na compra do dossiê contra adversários tucanos e disse que coloca "a mão no fogo" pelo candidato petista ao governo paulista, Aloizio Mercadante.
Em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo, Lula tentou afastar seu nome e sua candidatura do escândalo e chamou de "abominável" e "imoral" a negociação dos documentos. Mas enfatizou a determinação do governo de investigar o conteúdo do dossiê contra o candidato tucano José Serra.
Lula deu entrevista horas depois de ter definido a saída de Ricardo Berzoini, presidente do PT, da coordenação da campanha. Disse que Berzoini não deixa a função por conta dos indícios de sua participação no escândalo, mas sim para afastar a crise de sua campanha.
Nos 20 minutos de entrevista, Lula se mostrou tenso quando teve de responder sobre a crise, chamou os petistas envolvidos de "meninos" e "companheiros" e disse que não pode fazer "milagre" para prevenir escândalos. Os 12 primeiros minutos foram dedicados à crise. Quando um dos entrevistadores mudou de assunto, questionando-o sobre Bolívia, o presidente abriu um largo sorriso.
A seguir, trechos da entrevista, no Palácio da Alvorada:

 

INSANIDADE
"Essas coisas só podem acontecer porque as pessoas são, eu diria, insanas quando têm esse comportamento político. Estou numa situação altamente confortável na campanha, faltam dez dias para acabar e não sei por que alguém haveria de querer um dossiê contra o candidato ao governo de São Paulo. E não era nem contra o Alckmin?" Sobre o envolvimento de pessoas próximas, disse: "É lógico que é grave (...) Quando alguém te oferece uma maldade e pede dinheiro, essa pessoa já não merece confiança".

CONTEÚDO DO DOSSIÊ
"Eu quero saber quem é que deu dinheiro, se teve dinheiro, o que tem nesse dossiê. Quero saber o que é que ele tem, por que é que valia tanto, por que tantas pessoas se envolveram numa coisa que, para mim, não tem nenhum sentido. Esse dossiê (...) não me ajuda um milímetro na campanha."

BIOGRAFIA À PROVA
"Acho abominável, muito abominável. Se tem uma coisa que as pessoas sabem, mesmo que discordem politicamente de mim, é que meu comportamento na política é impecável, não por uma eleição, por todas de que participei, em situações muito desfavoráveis em que tive comportamento ético, porque respeito as pessoas."

PREVENÇÃO
Questionado se há como prevenir o envolvimento de petistas em escândalos, afirmou: "Não existe milagre nisso. Ou seja, você tem uma orientação política, você tem um comportamento político. O papel do presidente da República é afastar as pessoas. Eu não posso julgar e não posso prender".

SAÍDA DE BERZOINI
"Quando afasto um companheiro como Berzoini, não é que acho que ele tem culpa ou que está envolvido. É porque não posso, faltando dez dias de campanha, ter como coordenador da campanha uma pessoa que vai passar dez dias respondendo sobre dossiê."

IRONIAS A ALCKMIN
"Como é que um candidato que tem 50% dos votos já há algum tempo, 46 [%] espontâneos. Como é que um candidato que está prestes a ganhar uma eleição, em que o adversário não representa risco, qual é o interesse meu e da minha coordenação em fazer isso?"

Leia a íntegra da entrevista do presidente Lula www.folha.com.br/062622


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