|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
BB continua "partidarizado", revela crise
Governo federal deixa pela metade a substituição de executivos do Banco do Brasil ligados ao PT iniciada no ano passado
O petista Expedito Afonso Veloso, que se afastou do banco após ser envolvido na negociação do dossiê, será investigado por comissão
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise do dossiê produziu
como subproduto a revelação
de que a prometida "despartidarização" da estrutura do
Banco do Brasil, iniciada coma
troca de alguns executivos ligados ao PT no ano passado, havia
ficado pela metade.
A influência petista ficou explícita com o afastamento do
diretor de Gestão e Risco do
banco, Expedito Afonso Veloso, por envolvimento ainda não
totalmente explicado na confecção do dossiê dos Vedoin.
A comissão disciplinar interna do BB ainda analisará se, no
exercício de sua função, Veloso
fez algo que fere as normas do
banco. Ele se afastou do cargo.
Até lá, todo esforço é para
tratar o caso como uma atitude
isolada do funcionário, totalmente desvinculada do BB. Veloso teve recomendações da cúpula do banco para deixar claro
na carta em que pediu seu afastamento da instituição, que
suas atitudes não tiveram nenhuma ligação com o BB e que
seu superiores não tinham conhecimento das suas atividades, já que estava em férias.
No cargo de diretor, ele tinha
como seus superiores o presidente da instituição, Rossano
Maranhão, e o vice-presidente
da área de crédito e gestão de
risco Adézio Lima, a quem é diretamente subordinado.
Adézio é um dos petistas remanescentes do processo de
desvinculação do banco com o
PT desencadeado no primeiro
semestre de 2005, quando Maranhão assumiu o comando da
instituição. Funcionário de
carreira, teve uma ascensão rápida no BB durante o governo
Lula. Assim como Veloso, queimou etapas na carreira pelas
suas ligações com o PT. Ele passou do cargo de gerente-executivo para a vice-presidência.
Lima também estava na lista
de vice-presidentes que seriam
substituídos negociada por Maranhão e o ex-ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) quando da sua indicação para a presidência do BB. A troca de petistas na cúpula do banco foi
uma condição imposta por Maranhão depois que a disputa
política interna ajudou a derrubar o ex-presidente do banco
Cassio Casseb.
Ingressos
Casseb assumiu o cargo, em
2003, com a equipe montada
pelo PT e não pode levar ninguém da sua confiança. Logo de
cara, bateu de frente com o então diretor de Marketing, Henrique Pizzolato, que tinha padrinhos fortes no governo.
Casseb pediu a demissão de
Pizzolato depois do escândalo
da compra de ingressos para o
show da dupla sertaneja Zezé
Di Camargo & Luciano -quando o BB bancou o evento, cuja
arrecadação era destinada à
construção da nova sede do PT.
Pizzolato foi mantido e só pediu aposentadoria depois do
seu envolvimento com um outro escândalo, a relação do BB
com agências de publicidade do
empresário Marcos Valério de
Souza, considerado operador
do mensalão.
Além de Adézio, os cargos de
vice-presidentes do BB eram
ocupados, na época, por Luiz
Eduardo Franco Abreu (Finanças), José Luiz Cerqueira César
(Tecnologia), Edison Monteiro
(Varejo), Luiz Oswaldo Souza
(Gestão de Pessoal), Ricardo
Conceição (Agronegócios) e
pelo próprio Rossano Maranhão (área internacional).
Abreu e Monteiro, com ligações com o PT, foram substituídos logo que Maranhão assumiu. Já Cerqueira César, também com vínculo com o partido, foi o último a se desligar do
banco. Na vice-presidência de
tecnologia, ele tinha sob sua alçada a Cobra, subsidiária na
área de tecnologia do BB.
Depois de indícios de irregularidades na empresa, Maranhão determinou uma auditoria na empresa. O resultado da
investigação interna, porém,
nunca foi tornado público, apesar da promessa de transparência no caso feita pelo presidente do Banco do Brasil.
Não se sabe a extensão do desaparelhamento do banco no
seu segundo escalão.
Texto Anterior: Garcia quer fechar setor de "inteligência" Próximo Texto: Promotor pede auditoria em ONG ligada a petista Índice
|