São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2006

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Promotor pede auditoria em ONG ligada a petista

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público do Estado de São Paulo determinou a realização de uma auditoria externa para verificação das contas e dos documentos da Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisa sobre o Trabalho (Unitrabalho), entidade que já teve como dirigente Jorge Lorenzetti, petista acusado de intermediar negociações sobre o dossiê contra José Serra.
Um dia antes da apreensão de R$ 1,7 milhão em um hotel em São Paulo, o Ministério do Trabalho liberou R$ 4,1 milhões para a Unitrabalho. Durante o governo Lula, a Unitrabalho recebeu R$ 18,5 milhões da administração federal, contra R$ 840,5 mil na gestão FHC.
A oposição ao presidente quer investigar o possível uso de recursos públicos nas negociações do dossiê. Já a Promotoria de Fundações do Ministério Público, que pediu a auditoria, preocupa-se especificamente com a possibilidade de malversação de recursos da fundação que deveriam ir para projetos sociais, afirmou o promotor Ayrton Grazzioli.
O diretor-executivo da fundação, Nazem Nascimento, ouvido ontem por Grazzioli, afirmou que, na última segunda-feira, a fundação recebeu R$ 3,4 milhões do ministério e R$ 650,3 mil da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), vinculada ao governo federal, para a execução de dois diferentes projetos, mas não especificou quais são as ações.
Segundo afirmou Nascimento, os recursos foram para uma agência do Banco do Brasil, e parte está aplicada. Outra parte, disse, foi repassada a terceiros, via transferências bancárias, para saldar despesas dos projetos. Nascimento disse que não houve saque em dinheiro.
A Unitrabalho informou que, entre 1996 e 2000, os recursos do Ministério do Trabalho eram destinados aos governos estaduais e depois à entidade. "Não procede a informação de que os recursos teriam aumentado de forma anormal."
Ontem o ministro Luiz Marinho (Trabalho) afastou a hipótese de desvio de recursos de sua pasta. "Ainda há um saldo de mais de R$ 3,2 milhões na conta, espero que isso esclareça a insinuação de que o dinheiro [para a compra do do dossiê] tivesse vindo do ministério." O ministro encaminhou ao Tribunal de Contas da União e à Controladoria Geral da União pedido de auditoria.


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