São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

É mais prático afastar Lula, diz Alckmin

Presidenciável tucano diz que não defende o impeachment, mas o afastamento "pelo voto, para isso que tem eleição"

Segundo ex-governador, a credibilidade de Lula está em processo de corrosão; "Não é possível nunca saber de nada, nunca ver nada"


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, afirmou ontem, quando questionado sobre a série de demissões no PT e no governo provocadas pelas crises políticas, que é "mais prático afastar o Lula".
"Cinco ministros afastados, indiciados, denunciados, a direção do PT envolvida em escândalos, agora um novo. Eu acho que tem que afastar o Lula, é mais prático, porque não é possível. Sete envolvidos são ligados ao Lula, você pega desde o churrasqueiro, passando pelo assessor direto do presidente, o Freud, aliás, se você for assistir o filme "Entreatos", você vai ver a turma do Lula, ele aparece no primeiro minuto."
Freud Godoy, envolvido no atual escândalo da compra do dossiê, deixou o cargo de assessor presidencial na segunda. No documentário de João Moreira Salles, ele aparece conversando com o então candidato do PT a presidente.
Em seguida, questionado se estava defendendo uma medida jurídica, Alckmin completou: "Não, não, pelo voto, para isso tem eleição. [Para] Impeachment já houve oportunidade no ano passado e não foi feito porque no modelo presidencialista é traumático, um modelo engessado".

Corrosão
Para Alckmin, o eleitor saberá julgar os candidatos caso tenha informações claras sobre o escândalo. "A credibilidade do presidente está em processo de corrosão. Não é possível você nunca saber de nada, nunca ver nada, muito ruim isso."
As declarações foram feitas após o tucano ter assinado um compromisso de "Presidente Amigo da Criança", da Fundação Abrinq, no qual se compromete a melhorar a qualidade de vida das crianças caso eleito.
Antes, após entrevista à rádio CBN, o tucano chegara a insinuar que o PT atua como os ladrões de veículos. Mais, tarde amenizou o tom:
"Não fiz nenhuma comparação de natureza pessoal, eu disse o seguinte: quando alguém rouba um carro, a gente fala, puxa, não precisava ter feito isso. Agora, fez porque achava que não seria pego".
O candidato do PSDB ao Planalto defendeu uma investigação firme por parte das autoridades para que seja descoberta a origem do dinheiro que estava em poder dos petistas presos pela Polícia Federal na sexta-feira passada em São Paulo.

Imagem do dinheiro
"É claro que você tem como descobrir [de onde veio o dinheiro]. Aliás, se tivessem mostrado [o dinheiro na TV], mostraram fotografias, uma bobagem, mas não mostraram o objeto do crime."
Correndo contra o tempo para chegar ao segundo turno, ele pediu pressa às autoridades encarregadas da apuração. "Não pode tudo ficar para depois da eleição", disse o ex-governador.
O tucano rechaçou rumores de que PSDB e PT trabalhariam nos bastidores por um acordo de não-agressão. "Nós não aceitamos chantagem. Não tem acordo, acordo é só com o povo, investiguem quem quiser."
Alckmin, no entanto, afirmou que não existem elementos que possam justificar uma investigação do suposto conteúdo do dossiê apreendido com os petistas.
O material trazia fotos de Alckmin e José Serra com a família Vedoin, pivô do escândalo das sanguessugas.
"Se o PT tivesse uma intenção séria, teria pego o tal do dossiê e levado para o Ministério Público", disse.


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