MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO

A uma semana do fim do horário eleitoral, Geraldo Alckmin atendeu aos apelos de aliados e fez ontem o programa mais duro até agora contra Luiz Inácio Lula da Silva, citando o caso do dossiê, para criticá-lo. Aceitando a agenda imposta pelo tucano, Lula falou sobre o dossiê ontem pela primeira vez na TV e tentou justificar a demissão de auxiliares envolvidos em "atos lamentáveis".
Alckmin, que vem subindo de tom gradualmente desde o início da campanha, já tinha comentado na terça a crise atual, pedindo um "basta" as escândalos. Ontem, no entanto, foi adiante, dedicou seu programa quase todo para atacar, falou o nome de Lula e disse: "O presidente tem a obrigação de saber o que se passa ao seu redor".
Além de imagens de petistas envolvidos com o caso, o programa também exibiu uma simulação com notas de papel do volume de R$ 1,7 milhão, aproveitando para criticar o fato de a Polícia Federal ainda não ter mostrado o que foi apreendido.
Seu programa lembrou ainda de outros escândalos, como o caso Waldomiro Diniz, propina nos Correios e mensalão. No fim, Alckmin pediu votos, dizendo que o país vive "momento histórico". "Ou mudamos este país para melhor ou vamos nos arrepender mais uma vez."
Pela primeira vez na TV, Lula citou o escândalo pessoalmente, tentando se vitimizar. Afirmou que nunca tentou "varrer o lixo para debaixo do tapete" e que não "poderia admitir que alguns membros da minha equipe de campanha, aparentemente para atingir o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, participassem de uma operação obscura envolvendo compra de dossiês".
Citou especialmente o afastamento de Ricardo Berzoini, "mesmo sabendo que ele não esteve diretamente envolvido nesses atos lamentáveis". E, em tom emotivo, disse: "Como qualquer ser humano, eu sofro e me decepciono quando constato que pessoas que eu conheço se envolvem em irregularidades". No fim do programa, Lula chegou a citar sua mãe: "O maior patrimônio que herdei de minha mãe foi a capacidade de poder viver de cabeça erguida", para depois prometer novamente na televisão: "Garanto, por tudo na vida, que jamais vou trair essa confiança".


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