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ELEIÇÕES 2008 / NA ESTRADA
PC do B racha em palco da guerrilha do Araguaia
Candidato a vereador apóia outra coligação após receber só R$ 50 de ajuda para velório
Partido que comandou a guerrilha na ditadura tem
2 candidatos em Xambioá (TO); em campos opostos, disputam vaga de vereador
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A XAMBIOÁ (TO)
Do mesmo partido, mas em
trincheiras opostas, o assentado do Incra José Edimar Alves
dos Santos, o Dida do Caçador,
41, e o pedreiro Aloisio Correa
Barbosa, 39, são os únicos candidatos do PC do B em Xambioá. Na cidade, estariam enterrados corpos dos desaparecidos na guerrilha do Araguaia.
Aloisio e Dida são candidatos
a vereador. O partido deles comandou a guerrilha entre o final dos anos 1960 e o início dos
70. A repressão militar começou em 1972 e se prolongou por
quase três anos na região.
Dida diz que fundou em 2006
o PC do B de Xambioá e se candidatou para defender os trabalhadores rurais. Ele critica a
atitude de seu companheiro de
partido. É que Aloisio rompeu
com as legendas coligadas ao
PC do B, pois a candidata a prefeita pelo PDT, Dagma Sousa
Lopes Pires, 45, não pagou despesas para ele ir ao velório de
um parente em Marabá (PA).
"Ela só quis dar R$ 50." Em represália, Aloisio passou a pedir
votos para Ione Leite (PP), 68.
Para chegar a Dida, no assentamento Caçador, é preciso
percorrer 40 km de estrada
precária, sem asfalto, até um
ponto, cheio de pedras, onde
carro não passa. O ônibus escolar só chega até as pedras. Depois, os estudantes têm de andar até três horas no meio da
mata, à noite, para alcançar
suas casas no assentamento,
criado há dez anos. Iracema
Barros Silva, 49, mulher de Dida, diz que "a guerrilha" hoje "é
sobreviver no assentamento".
A reportagem encontra Dida
assistindo à TV Senado. Ele vê
um pronunciamento ao vivo do
senador Mão Santa (PMDB-PI). "Gosto de ouvir esse homem. Ele chama o pessoal de
Lula de aloprados", comenta.
Sem verba de campanha, Dida diz que visita os assentados
de moto. "Sem dinheiro, não é
fácil pleitear numa eleição com
a corrupção que tem no país."
Aloisio, o outro candidato do
PC do B, recebe a reportagem
entre as mesas vazias na Câmara. Diz que era soldado do Exército em Marabá, onde ouvia falar da guerrilha. Conta que, em
1992, negou-se a servir café a
um general, "puxou cadeia" e
saiu do Exército.
Em Xambioá, onde foi passar
férias, interessou-se "pela bandeira do partido" e defende a
criação de um memorial da
guerrilha. Sobre Aloisio, Dagma, candidata a prefeita, diz
que "o PC do B está envergonhado". "Ele queria dinheiro.
Não estava defendendo a bandeira do partido. Dida está."
NA INTERNET
http://campanhanoar.folha.blog.uol.com.br
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