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Alckmin dá trégua em ataques contra Kassab
Objetivo de tucano é contornar atrito com Serra
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo após ter oscilado positivamente na mais recente
pesquisa Datafolha, o candidato do PSDB a prefeito de São
Paulo, Geraldo Alckmin, passou o final de semana empenhado em contornar os efeitos
de um novo atrito com o governador José Serra (PSDB).
A preocupação com Serra
obrigou Alckmin a alterar momentaneamente o foco de sua
campanha, que, até então, ele e
seu entorno consideravam um
sucesso: criticar a gestão de Gilberto Kassab (DEM), o prefeito
candidato à reeleição e vice de
Serra até março de 2006, para
"colá-lo" ao malufismo.
De acordo com a pesquisa divulgada sexta-feira, Alckmin
oscilou de 20% para 22% das
intenções e empatou numericamente com Kassab, ambos
atrás de Marta Suplicy (PT),
que lidera com 37%.
"Nunca houve guerra. Nosso
relacionamento [com Kassab]
é sempre bom, faço política
com civilidade", afirmou Alckmin ontem, na mesma linha
adotada no dia anterior.
O tom mais brando ocorreu
em virtude das declarações dadas pelo candidato tucano na
sexta-feira, quando disse que a
indicação de Kassab para vice
de Serra a prefeito em 2004 fora produto de um "golpe", pois
teria sido contra a vontade do
próprio governador paulista.
Serra divulgou uma nota destacando qualidades de Kassab,
o que não tinha feito desde o
início da atual corrida eleitoral.
A afirmação também provocou
reações imediatas no grupo do
PSDB ligado a Serra e, segundo
a Folha apurou, um mea culpa
do próprio Alckmin perante
sua campanha.
A decisão dos alckmistas foi
trabalhar para "esfriar" os ânimos enquanto tentavam um
encontro do candidato com
Serra, o que não havia acontecido até a noite de ontem, já
que o governador tinha viagem
marcada ao Nordeste.
Anteontem, Alckmin se limitou a pedir aos jornalistas que
consultassem seus arquivos sobre a escolha de Kassab em
2004 e a derrota de seu candidato a presidente da Assembléia em 2005 para o DEM. "É
só pesquisar os jornais da época nesses dois episódios."
No horizonte da preocupação de Alckmin está a possibilidade de Serra, até agora praticamente ausente da campanha
tucana, passar a trabalhar publicamente por Kassab.
Ontem, prefeito e governador se encontraram no velório
de Eleno José Bezerra, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi
das Cruzes (ABC).
Comparação
O resultado prático é que
Alckmin decidiu retirar da TV
uma inserção que atacava o
passado de Kassab. O recuo tático, no entanto, não significa
que ele irá tirar a administração Kassab do foco.
"Eleição é comparação. Não
vamos fazer nenhuma abordagem de natureza pessoal. Agora
temos que abordar os problemas de São Paulo. A cidade tem
problemas. E a primeira coisa a
fazer é admitir isso."
Pela manhã, o tucano fez
campanha na zona norte da capital e comentou a participação
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, anteontem, ao lado de
Marta Suplicy. "Temos poupado [de críticas] o presidente
Lula porque esta é uma eleição
municipal. Mas todo mundo
sabe como é o governo do PT",
afirmou.
À tarde, Alckmin participou
de um encontro organizado por
seu candidato a vice, Campos
Machado (PTB), com eleitoras.
"Hoje nós temos a metade do
tempo na TV [dos adversários].
No segundo turno, vai ser igual.
Aí, a vitória vai ser de goleada. A
eleição é daqui a dois domingos. Agora é que vai realmente
ter uma definição. Eu estou
crescendo na hora certa."
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