São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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Alckmin dá trégua em ataques contra Kassab

Objetivo de tucano é contornar atrito com Serra

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo após ter oscilado positivamente na mais recente pesquisa Datafolha, o candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, Geraldo Alckmin, passou o final de semana empenhado em contornar os efeitos de um novo atrito com o governador José Serra (PSDB).
A preocupação com Serra obrigou Alckmin a alterar momentaneamente o foco de sua campanha, que, até então, ele e seu entorno consideravam um sucesso: criticar a gestão de Gilberto Kassab (DEM), o prefeito candidato à reeleição e vice de Serra até março de 2006, para "colá-lo" ao malufismo.
De acordo com a pesquisa divulgada sexta-feira, Alckmin oscilou de 20% para 22% das intenções e empatou numericamente com Kassab, ambos atrás de Marta Suplicy (PT), que lidera com 37%.
"Nunca houve guerra. Nosso relacionamento [com Kassab] é sempre bom, faço política com civilidade", afirmou Alckmin ontem, na mesma linha adotada no dia anterior.
O tom mais brando ocorreu em virtude das declarações dadas pelo candidato tucano na sexta-feira, quando disse que a indicação de Kassab para vice de Serra a prefeito em 2004 fora produto de um "golpe", pois teria sido contra a vontade do próprio governador paulista.
Serra divulgou uma nota destacando qualidades de Kassab, o que não tinha feito desde o início da atual corrida eleitoral. A afirmação também provocou reações imediatas no grupo do PSDB ligado a Serra e, segundo a Folha apurou, um mea culpa do próprio Alckmin perante sua campanha.
A decisão dos alckmistas foi trabalhar para "esfriar" os ânimos enquanto tentavam um encontro do candidato com Serra, o que não havia acontecido até a noite de ontem, já que o governador tinha viagem marcada ao Nordeste.
Anteontem, Alckmin se limitou a pedir aos jornalistas que consultassem seus arquivos sobre a escolha de Kassab em 2004 e a derrota de seu candidato a presidente da Assembléia em 2005 para o DEM. "É só pesquisar os jornais da época nesses dois episódios."
No horizonte da preocupação de Alckmin está a possibilidade de Serra, até agora praticamente ausente da campanha tucana, passar a trabalhar publicamente por Kassab.
Ontem, prefeito e governador se encontraram no velório de Eleno José Bezerra, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes (ABC).

Comparação
O resultado prático é que Alckmin decidiu retirar da TV uma inserção que atacava o passado de Kassab. O recuo tático, no entanto, não significa que ele irá tirar a administração Kassab do foco.
"Eleição é comparação. Não vamos fazer nenhuma abordagem de natureza pessoal. Agora temos que abordar os problemas de São Paulo. A cidade tem problemas. E a primeira coisa a fazer é admitir isso."
Pela manhã, o tucano fez campanha na zona norte da capital e comentou a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anteontem, ao lado de Marta Suplicy. "Temos poupado [de críticas] o presidente Lula porque esta é uma eleição municipal. Mas todo mundo sabe como é o governo do PT", afirmou.
À tarde, Alckmin participou de um encontro organizado por seu candidato a vice, Campos Machado (PTB), com eleitoras. "Hoje nós temos a metade do tempo na TV [dos adversários]. No segundo turno, vai ser igual. Aí, a vitória vai ser de goleada. A eleição é daqui a dois domingos. Agora é que vai realmente ter uma definição. Eu estou crescendo na hora certa."


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