São Paulo, terça-feira, 22 de setembro de 2009

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Pressionado, Lula promete ao PMDB enquadrar "PT hostil"

Comando peemedebista cobra definição sobre aliança até o dia 15 de outubro

Dilma, que defendia adiar definição de candidato para 2010, agora diz que entende anseio de aliados e que é possível antecipar escolha


Alan Marques/Folha Imagem
Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff deixa o prédio da Petrobras após uma reunião na empresa

DA REPORTAGEM LOCAL

Sob pressão do PMDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a convocar uma reunião com o PT entre os dias 2 e 6 do mês que vem, na volta de sua viagem ao exterior, para a construção do que os peemedebistas chamam de "relação proveitosa" nos Estados. Leia-se: enquadrar petistas onde há mais hostilidade ao PMDB, como no Pará e Bahia.
Temendo perder o controle do partido -e, com isso, o poder de negociação-, o comando do PMDB cobrou de Lula uma definição sobre aliança até o dia 15 de outubro. O presidente da Câmara, Michel Temer (SP), foi o porta-voz do recado em conversa com Lula na quarta-feira. Na sexta-feira, manifestou sua opinião à Folha.
Ontem mesmo, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse que considera possível o PT definir até o mês que vem o candidato do partido à sucessão presidencial.
"Em princípio, é possível [definir até outubro]. Agora, tem de ver. Nada a gente pode descartar", disse a ministra ao sair de reunião do Conselho de Administração da Petrobras.
Dilma -que, em entrevista à Folha, defendera uma decisão só no ano que vem- disse entender "o anseio" de Temer. "Acho que tem de haver um esforço para ver se isso é possível", disse ela, ressaltando, porém, que "cada partido tem seu ritmo". "O PT tem o dele, o PMDB o dele, os outros partidos [da base] também."
Hoje o mais cotado para a vice de Dilma, Temer reiterou suas declarações ontem. Em São Paulo, ele chegou a admitir a possibilidade de a aliança não se concretizar ao afirmar que é preciso "verificar se há aliança, se não há aliança, que caminho o partido deve tomar".
Segundo ele, "enquanto não houver uma aliança, até a conversa nos Estados fica difícil".
A decisão de cobrar Lula foi amadurecida num jantar na casa de Temer, na noite de terça-feira. De posse de 364 páginas de pesquisa, os peemedebistas fizeram um balanço das promessas de acordo estadual feitas pelo presidente. A avaliação foi que o quadro não evoluiu.
Com medo de ser atropelado por decisões estaduais, o comando do PMDB decidiu agir enquanto ainda detém o controle partidário.


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