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PIAUÍ
Lima, acusado de liderar o crime organizado no Estado, afirma que sabia sobre escuta
Denúncias são "levianas", diz coronel
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Teresina
O coronel reformado da PM
José Viriato Correia de Lima,
acusado de liderar o crime organizado no Piauí, diz que sabia
que seus telefones estavam
grampeados e que as acusações
contra ele são "levianas".
Lima, 47, que está preso, afirma
que fez ameaças de morte ao superintendente da Polícia Federal,
Albert Rios, como parte da estratégia para mostrar que tinha força e que havia união entre as polícias Civil e Militar do Estado. A
seguir, trechos da entrevista.
Agência Folha - Seu advogado diz que o sr. é 99% inocente
e 1% culpado. Por quê?
José Viriato Correia de Lima -
Não sei dizer. Talvez minha única culpa foi ter feito brincadeiras
ao telefone após ficar sabendo
que havia o grampo. O superintendente da PF estava brigando
com o delegado e meu amigo José Wilson. Simulamos brincadeiras e ameaças para deixar o Rios
acuado, preocupado com a nossa
união. Em outros momentos,
nós mostrávamos falta de união.
Agência Folha - As fitas mostram também que o sr. se interessava por armas proibidas.
Lima - Todas as armas são legais e estão registradas. Não há
contrabando. Só vi AR-15 nos
quartéis. Estou com pena do Aldísio (dono de uma loja de armas
em Teresina, investigado em inquérito e preso ontem), que é um
coitado e foi usado no nosso esquema para mostrar ao superintendente que nós estávamos preparados.
Agência Folha - Preparados
para o quê?
Lima - Era guerra psicológica
apenas. Nunca feri ninguém.
Agência Folha - O sr. é acusado de usar PMs fardados para
praticar extorsão e ameaças
contra prefeitos que teriam de
comprar notas fiscais frias...
Lima - Não há notas frias. Tenho irmãos que possuem empresas de dedetização e de venda de
material escolar. Eu tenho uma
empresa de cobrança. Nunca vi
nenhum desses prefeitos. Meus
irmãos e outros clientes pediam
para eu cobrar. Caloteiro não paga sem a gente apertar. O pessoal
cobrava de forma enérgica, dura.
Mas sem violência. Se houve violência, a responsabilidade é do
Domingão (Francisco Domingos
de Souza, gerente da empresa de
cobrança, que está foragido).
Agência Folha - E o caso da
prefeita de Parambu (CE), em
que o sr. determinou que os
policiais fossem fardados cobrar dela R$ 35 mil?
Lima - Uma semana antes, os
cobradores foram lá, ela colocou
quatro capangas e não pagou.
Tem o outro lado também. Os
policiais são da fronteira e foram
apenas para mostrar onde era a
casa da prefeita.
Agência Folha - A PF acusa o
sr. de ter matado um de seus
funcionários dias depois de ter
feito seguro de vida de R$ 600
milhões e deixado como beneficiárias sua mulher e sua filha.
Lima - A família do rapaz queria fazer um seguro para ele, porque sabia que ele seria assassinado pelo irmão de um outro rapaz
que ele matou. Não matei ele para ficar com o seguro.
Agência Folha - Se o sr. é inocente como diz, como conseguiu construir a fama de ser o
homem mais temido do Piauí?
Lima - Todas as missões que tive na PM foram as mais perigosas. Consideram-me um dos melhores homens do Piauí por isso.
Estou sendo vítima de complô,
de acusações levianas e de inveja.
Talvez os próprios acusadores
sejam os verdadeiros bandidos.
Agência Folha - O sr. é ligado
ao governador Mão Santa?
Lima - O governador é um bom
governador. Tanto que foi reeleito. Sempre fui ligado ao senador
Alberto Silva (PMDB). Nunca fui
à casa do Mão Santa e lamento
que o envolveram.
Agência Folha - O sr. teme ser
assassinado?
Lima - Quem vive nessa terra e
não tem medo de morrer é mentiroso. Tenho mais medo de covardia. É uma grande covardia o
que estão fazendo comigo.
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