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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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CIDADANIA

Bispo reclama de falta de segurança na Fernão Dias, onde sofreu acidente, e, durante homenagem, critica Fome Zero

Após acidente, dom Mauro vai à Justiça contra União

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Dom Mauro Morelli, 68, bispo de Duque de Caxias (RJ) e membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar, disse ontem que, por "questão de cidadania", vai à Justiça contra a União por causa do acidente que sofreu na BR-381 (rodovia Fernão Dias), em 19 de julho deste ano.
"No Brasil, o povo é atropelado, tem os seus eletrodomésticos queimados e sofre acidente por falta de condições nas estradas. O direito de ir e vir é um direito de cidadania. Se o Estado abre uma estrada, ela tem de estar em condições de me dar segurança. E ali não havia segurança nenhuma."
D. Mauro, que ficou em estado grave e em coma induzido, deixou o Hospital das Clínicas de São Paulo no dia 3 de setembro. O acidente que o bispo sofreu ocorreu no km 765 da Fernão Dias (que liga Minas a São Paulo), em Campanha (MG). Ele disse que não havia sinalização no local.
"Pelo que eu vi, no dia seguinte [ao acidente] foram lá tentar dar uma nova sinalização. Os frentistas de um posto [de combustíveis] próximo deram depoimento favorável, e o laudo policial diz que nós não temos culpa", afirmou.
O Fiat Marea em que estava era conduzido pelo seminarista Cléber Fernandes Danelon, 25, que quebrou o pé esquerdo.
D. Mauro reassumiu na manhã de ontem a presidência do Conselho de Segurança Alimentar de Minas e foi homenageado com uma missa no Palácio dos Despachos, anexo da sede do governo mineiro, com a presença do governador Aécio Neves (PSDB).
Por meio de sua assessoria de imprensa, a AGU (Advocacia Geral da União) informou que só irá se posicionar sobre a ação depois que ela for protocolada na Justiça.
Ainda em Belo Horizonte, d. Mauro voltou a criticar a condução do Fome Zero. "O governo federal insiste muito na solidariedade, no apelo aos empresários. Acho que os empresários têm é que ter condições de ajudar o país a crescer, abrir postos de trabalho, pagar impostos", disse.
Assessor especial da Presidência, Frei Betto, que participou ontem do encontro nacional das equipes de capacitação (Talheres) do Fome Zero, no distrito de Venda Nova, em Belo Horizonte, evitou entrar em atrito com d. Mauro. "Não discuto com irmão em público. Respeito a opinião do d. Mauro, mas não vejo como salvar esse país sem a parceria da sociedade civil." (PAULO PEIXOTO)


Colaborou ADRIANA CHAVES, da Agência Folha


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