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CIDADANIA
Bispo reclama de falta de segurança na Fernão Dias, onde sofreu acidente, e, durante homenagem, critica Fome Zero
Após acidente, dom Mauro vai à Justiça contra União
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Dom Mauro Morelli, 68, bispo
de Duque de Caxias (RJ) e membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar, disse ontem
que, por "questão de cidadania",
vai à Justiça contra a União por
causa do acidente que sofreu na
BR-381 (rodovia Fernão Dias), em
19 de julho deste ano.
"No Brasil, o povo é atropelado,
tem os seus eletrodomésticos
queimados e sofre acidente por
falta de condições nas estradas. O
direito de ir e vir é um direito de
cidadania. Se o Estado abre uma
estrada, ela tem de estar em condições de me dar segurança. E ali
não havia segurança nenhuma."
D. Mauro, que ficou em estado
grave e em coma induzido, deixou o Hospital das Clínicas de São
Paulo no dia 3 de setembro. O acidente que o bispo sofreu ocorreu
no km 765 da Fernão Dias (que liga Minas a São Paulo), em Campanha (MG). Ele disse que não
havia sinalização no local.
"Pelo que eu vi, no dia seguinte
[ao acidente] foram lá tentar dar
uma nova sinalização. Os frentistas de um posto [de combustíveis]
próximo deram depoimento favorável, e o laudo policial diz que
nós não temos culpa", afirmou.
O Fiat Marea em que estava era
conduzido pelo seminarista Cléber Fernandes Danelon, 25, que
quebrou o pé esquerdo.
D. Mauro reassumiu na manhã
de ontem a presidência do Conselho de Segurança Alimentar de
Minas e foi homenageado com
uma missa no Palácio dos Despachos, anexo da sede do governo
mineiro, com a presença do governador Aécio Neves (PSDB).
Por meio de sua assessoria de
imprensa, a AGU (Advocacia Geral da União) informou que só irá
se posicionar sobre a ação depois
que ela for protocolada na Justiça.
Ainda em Belo Horizonte, d.
Mauro voltou a criticar a condução do Fome Zero. "O governo federal insiste muito na solidariedade, no apelo aos empresários.
Acho que os empresários têm é
que ter condições de ajudar o país
a crescer, abrir postos de trabalho,
pagar impostos", disse.
Assessor especial da Presidência, Frei Betto, que participou ontem do encontro nacional das
equipes de capacitação (Talheres)
do Fome Zero, no distrito de Venda Nova, em Belo Horizonte, evitou entrar em atrito com d. Mauro. "Não discuto com irmão em
público. Respeito a opinião do d.
Mauro, mas não vejo como salvar
esse país sem a parceria da sociedade civil."
(PAULO PEIXOTO)
Colaborou ADRIANA CHAVES, da Agência Folha
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