São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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Para entidade, governo teme militares

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Grupo Tortura Nunca Mais divulgou ontem nota em que defende a abertura de todos os arquivos da repressão durante a ditadura militar e a anulação do decreto 4.553/2002 do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, assinado quatro dias antes de deixar a Presidência, que "amplia os prazos de segredo de todas as categorias de documentos, permitindo que aqueles considerados ultra-secretos tenham sigilo eterno".
Para a diretora do grupo, Victoria Grabois, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cúpula do governo têm "medo dos militares".
"Os militares têm a mesma postura da ditadura. O governo Lula deve ter feito um trato para garantir a governabilidade. Mas eles devem ter medo dos militares, porque o esquema montado pela ditadura nunca foi desfeito." Ela se referia ao cabo reformado José Alves Firmino, que disse ter espionado para o Exército até 1995. Foi ele quem entregou à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados as fotos que o governo afirmou ontem não serem do jornalista Vladimir Herzog.
Na nota, o grupo diz que as fotos "comprovam a veracidade" da existência de documentos nos arquivos das Forças Armadas. Ele considera ainda "inadmissível e inaceitável que, passados 40 anos do golpe militar, continue sendo negado aos cidadãos de nosso país o direito de conhecer e apurar todos os crimes praticados em nome da segurança nacional".
O ministro José Dirceu (Casa Civil) já afirmou que o governo estuda rever o decreto de FHC.


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