São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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Hélio Bicudo vai lançar livro sobre os bastidores de governo

JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bastidores do governo da prefeita de São Paulo e candidata à reeleição, Marta Suplicy (PT), serão documentados em livro escrito por um observador bastante privilegiado: o atual prefeito em exercício, Hélio Bicudo (PT).
Após quatro anos na prefeitura, Bicudo lançará no começo de 2005 "Nossa história, minhas memórias", sua autobiografia.
O carro-chefe do livro deverá ser justamente a convivência na Prefeitura de São Paulo com Marta e outros personagens do cenário político paulistano. Para isso, Bicudo aguarda o dia 31 de dezembro, quando termina o mandato da petista, para poder fechar as cerca de 400 páginas de suas memórias. "É esse o marco, o divisor de águas", diz Bicudo.
"Estou esperando terminar o governo para poder colocar no papel o que aconteceu neste ano", disse. "A editora [Martins Fontes] achou mais conveniente [esperar o fim do mandato]."
Bicudo nega que o relato fiel dos fatos lhe renda inimigos. Mas diz que irá se manter "crítico" na descrição de passagens "interessantes", "tanto sob o ponto de vista da administração pública quanto sob o da política".
"Não sou uma pessoa de esconder coisas. Serei o mais objetivo possível", afirmou Bicudo. E vai além: "Se eu me dispus a escrever sobre a minha vida, tenho certeza de que a mim não afeta. Será um depoimento sobre o que vivi".
A idéia de documentar o dia-a-dia na prefeitura não agradou alguns dos principais aliados de Marta, que questionaram reservadamente a "conveniência" de lançar o livro. Temem que o relato seja usado pela oposição.
Não é novidade entre os petistas que Bicudo não teria ficado satisfeito com o processo que culminou na indicação de Rui Falcão, ex-secretário de Governo, para ser vice na campanha à reeleição. Bicudo foi o escolhido em 2000 porque ajudava a diminuir resistências a então candidata em setores como a Igreja Católica.
Questionado se conseguirá ser um observador crítico, o prefeito em exercício generaliza. Diz que qualquer fato observado não tem valor se não sofre crítica.
"Sempre pensei que têm coisas a contar que não constam de nenhum documento", disse. Deverá seguir o molde de "Meu depoimento sobre o Esquadrão da Morte", que trata de sua atuação como procurador quando investigou as atividades do grupo de extermínio nos anos 70.
Sobre a campanha, Bicudo disse: "Não participo do comitê de campanha. O relato será como membro do governo".


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