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Falta "orientação clara" ao governo, diz Pont
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM PORTO ALEGRE
Integrante da tendência petista
Democracia Socialista, a mesma
da senadora Heloísa Helena (expulsa do PT) e da candidata à Prefeitura de Fortaleza Luizianne
Lins (que chegou ao segundo turno sem o apoio do seu partido), o
candidato do PT à Prefeitura de
Porto Alegre, Raul Pont, 60, diz
que falta ao governo federal uma
"orientação mais clara".
"Temos de fortalecer as bases
do PT nas grandes cidades, até para que o governo seja homogêneo,
para ser um governo com uma
orientação mais clara e não tão
dependente de cada um dos partido que o compõem", disse Pont,
durante entrevista para a Agência
Folha.
"O governo vai ter de ter uma
pauta mais definida para o futuro.
Não há como ter legitimidade
sem isso", afirmou o candidato
petista.
Uma vitória de Pont em Porto
Alegre significaria a manutenção
do PT por 20 anos na administração da capital gaúcha.
(LG)
Agência Folha - O governo Lula
está afastado dos movimentos sociais? Isso afeta sua campanha?
Raul Pont - Não digo que o governo está afastado. Há negociações complicadas, que envolvem
entidades privadas. No caso dos
bancários, devia-se ter procurado
um meio termo. São bases que
sempre nos apoiaram. Temos de
impedir o afastamento.
Agência Folha - Seu adversário
diz que o sr. diverge do governo Lula como um todo.
Pont - Sou do partido. Tenho,
em todas as oportunidades, deixado claro que defendo o governo. Isso não me impede de ter posições críticas sobre questões
pontuais.
O governo tem de defender a
pequena produção rural e ao
mesmo tempo tem um ministro
como Roberto Rodrigues [Agricultura], que defende o agrobusiness, o privilégio para as exportações. São posições que coexistem
em um governo plural.
Temos de fortalecer as bases do
PT nas grandes cidades, até para
que o governo seja homogêneo,
para ser um governo com uma
orientação mais clara e não tão
dependente de cada um dos partido que o compõe.
É a complexidade da conjuntura do Brasil. Temos um Congresso em que é majoritária a posição
conservadora. Precisamos estabelecer acordos para darmos governabilidade ao Planalto.
Agência Folha - Os 16 anos do PT
em Porto Alegre o desgastam?
Pont - É a tese da oposição. Respondo com uma pergunta: 16
anos do Fogaça como senador retiraram legitimidade? Ele se
achou em condições de disputar
novo mandato, mas perdeu. Qual
a diferença? Ele pode ser senador
eternamente e não podemos disputar um cargo executivo?
Qual o futuro da Democracia Socialista?
Pont - Continuaremos sendo
uma tendência do PT. Disputaremos rumos do PT em 2005, há
eleição para presidente do PT.
Não há razão para não continuarmos essa disputa interna. O governo terá de ter uma pauta mais
definida para o futuro. Não há como ter legitimidade sem isso.
Agência Folha - Como o sr. tem
visto as pesquisas, que colocam
seu adversário na frente?
Pont -O que vemos nas ruas,
conversando com as pessoas,
mostra resultado diferente. Cabe
lembrar que, em 2002 [nas eleições para o Estado], o Ibope indicava que Germano Rigotto [o
atual governador] estava 23 pontos na frente do Tarso [Genro]. O
resultado foi de 52% a 48%.
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