São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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Falta "orientação clara" ao governo, diz Pont

DA AGÊNCIA FOLHA,
EM PORTO ALEGRE

Integrante da tendência petista Democracia Socialista, a mesma da senadora Heloísa Helena (expulsa do PT) e da candidata à Prefeitura de Fortaleza Luizianne Lins (que chegou ao segundo turno sem o apoio do seu partido), o candidato do PT à Prefeitura de Porto Alegre, Raul Pont, 60, diz que falta ao governo federal uma "orientação mais clara".
"Temos de fortalecer as bases do PT nas grandes cidades, até para que o governo seja homogêneo, para ser um governo com uma orientação mais clara e não tão dependente de cada um dos partido que o compõem", disse Pont, durante entrevista para a Agência Folha.
"O governo vai ter de ter uma pauta mais definida para o futuro. Não há como ter legitimidade sem isso", afirmou o candidato petista.
Uma vitória de Pont em Porto Alegre significaria a manutenção do PT por 20 anos na administração da capital gaúcha. (LG)
 

Agência Folha - O governo Lula está afastado dos movimentos sociais? Isso afeta sua campanha?
Raul Pont -
Não digo que o governo está afastado. Há negociações complicadas, que envolvem entidades privadas. No caso dos bancários, devia-se ter procurado um meio termo. São bases que sempre nos apoiaram. Temos de impedir o afastamento.

Agência Folha - Seu adversário diz que o sr. diverge do governo Lula como um todo.
Pont -
Sou do partido. Tenho, em todas as oportunidades, deixado claro que defendo o governo. Isso não me impede de ter posições críticas sobre questões pontuais.
O governo tem de defender a pequena produção rural e ao mesmo tempo tem um ministro como Roberto Rodrigues [Agricultura], que defende o agrobusiness, o privilégio para as exportações. São posições que coexistem em um governo plural.
Temos de fortalecer as bases do PT nas grandes cidades, até para que o governo seja homogêneo, para ser um governo com uma orientação mais clara e não tão dependente de cada um dos partido que o compõe.
É a complexidade da conjuntura do Brasil. Temos um Congresso em que é majoritária a posição conservadora. Precisamos estabelecer acordos para darmos governabilidade ao Planalto.

Agência Folha - Os 16 anos do PT em Porto Alegre o desgastam?
Pont -
É a tese da oposição. Respondo com uma pergunta: 16 anos do Fogaça como senador retiraram legitimidade? Ele se achou em condições de disputar novo mandato, mas perdeu. Qual a diferença? Ele pode ser senador eternamente e não podemos disputar um cargo executivo?

Qual o futuro da Democracia Socialista?
Pont -
Continuaremos sendo uma tendência do PT. Disputaremos rumos do PT em 2005, há eleição para presidente do PT. Não há razão para não continuarmos essa disputa interna. O governo terá de ter uma pauta mais definida para o futuro. Não há como ter legitimidade sem isso.

Agência Folha - Como o sr. tem visto as pesquisas, que colocam seu adversário na frente?
Pont -
O que vemos nas ruas, conversando com as pessoas, mostra resultado diferente. Cabe lembrar que, em 2002 [nas eleições para o Estado], o Ibope indicava que Germano Rigotto [o atual governador] estava 23 pontos na frente do Tarso [Genro]. O resultado foi de 52% a 48%.


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