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Promotor apura ligação entre Delúbio e tucano
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O promotor de Justiça de Goiânia (GO) Fernando Krebs pediu
ontem ao procurador-geral de
Justiça de Goiás, Saulo de Castro
Bezerra, autorização para investigar serviços informais supostamente realizados para o governador do Estado, Marconi Perillo
(PSDB-GO), pelo ex-tesoureiro
nacional do PT Delúbio Soares.
Em depoimento ao Ministério
Público de São Paulo, no dia 17,
Delúbio contou que fazia "assessoria" para o governo de Goiás
"na medida da solicitação do governador, informalmente". O trabalho, segundo Delúbio, era "auxiliar o governo do Estado na obtenção de verbas" federais para
diversas obras públicas.
Como tem foro privilegiado, Perillo só pode ser investigado a partir de iniciativa do procurador-geral de Justiça, que pode delegar a
tarefa a Krebs. Até o início da noite de ontem, Bezerra não havia tomado uma decisão a respeito do
pedido.
O assessor de imprensa de Perillo, procurado ontem, não foi localizado. Segundo outro assessor
do governador, ele não nega que
Delúbio tenha atuado para a liberação de recursos. De acordo com
o assessor, Perillo deu, anteontem
à noite, em Itumbiara (GO), uma
entrevista por telefone a uma
emissora de TV em Goiás.
Ele teria confirmado que pediu
"ajuda a um goiano para obter recursos para o Estado de Goiás".
Delúbio, 49, nasceu em Buriti Alegre (GO).
Segundo o assessor, Perillo procurou Delúbio devido a suas articulações no governo federal e a
proximidade com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. "Ele se
propunha a ajudar, não sei se conseguiu os recursos. Nunca dei e
ele não pediu nada em troca", teria dito Perillo.
O promotor de Justiça de São
Paulo Túlio Tadeu Tavares tomou
depoimento de Delúbio em cumprimento a uma carta precatória
expedida pela Justiça de Goiás a
pedido do promotor Fernando
Krebs. Ele investiga suposto enriquecimento ilícito de Delúbio.
O ex-tesoureiro foi remunerado
pela Secretaria de Educação de
Goiás (o último salário foi de R$
1,3 mil brutos) por cerca de 20
anos em licença, embora morasse
em São Paulo, onde trabalhava
para o PT e entidades sindicais.
Delúbio contou que há 16 anos vive em São Paulo, no mesmo endereço, e que foi tesoureiro nacional
do PT entre março de 2000 e julho
último.
O promotor Fernando Krebs
quer saber se a dispensa de Delúbio de suas atividades como professor está relacionada à atividade
que ele disse fazer em favor do governo goiano.
No depoimento, Delúbio Soares
afirma que atuou para liberar verbas "para recuperação de estradas, para a construção da ETE
[Estação de Tratamento de Esgoto], para a construção da barragem João Leite, para a construção
do aeroporto Santa Genoveva, entre outras obras" que disse não se
lembrar.
Pontos nebulosos
Não ficou claro no depoimento
do ex-tesoureiro os métodos que
ele supostamente utilizava para liberar os recursos. Não esclarece
ainda em quais das obras mencionadas houve liberações de recursos e em que ano teriam ocorrido.
Delúbio relatou ao Ministério
Público que também prestou "assessoria gratuita" ao sindicato dos
trabalhadores de ensino de Goiás
e representou a CUT (Central
Única dos Trabalhadores) no
FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
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