São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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DÍZIMO

Ele teria cobrado funcionários

Doações são esporádicas, afirma senador do PSOL

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PSOL-AC), acusado de cobrar 40% do salário de seus funcionários para suas atividades políticas, disse ontem que recebe apenas contribuições "espontâneas" e "esporádicas".
A acusação partiu do ex-assessor do senador, Paulo dos Santos Freire, demitido em janeiro. Em uma gravação, cujos trechos foram publicados ontem pelo "Jornal do Brasil", Freire fala que Mesquita ficava com 40% do seu salário de R$ 1.000 e que o desconto era prática comum entre os demais empregados.
A fita foi gravada pelo ex-assessor a partir de sábado passado quando ele discutia o assunto com a funcionária do senador em Sena Madureira (AC) Norma Sueli de Araújo.
"Eu não vejo irregularidade no fato de pessoas que estão comigo no escritório político, militantes, me ajudarem a fazer face às demandas enormes, bem maiores que nossas possibilidades reais", relatou o senador.
Mesquita disse que tem de "16 a 20 funcionários pagos pelo Senado". O salário de um senador é de R$ 12.720. Ele tem direito a cinco assessores técnicos com salário de R$ 8.700, seis secretários parlamentares com remuneração de R$ 7.300 e nove assistentes de vencimentos variados.
"Isso [a contribuição] é coisa espontânea, voluntária. Eu acho isso da maior normalidade. Não vejo qualquer irregularidade nisso: funcionários se cotizarem para comprar pó de café, o companheiro colocar o carro dele para rodar por aí. Estou falando desse tipo de contribuição", acrescentou Mesquita.
A senadora Heloísa Helena (AL), principal dirigente do recém-criado PSOL, enviou ontem pela manhã ofício ao Conselho de Ética do Senado pedindo apuração do caso. À tarde, o senador enviou correspondência ao conselho requerendo investigações por "ter certeza" que não cometeu "qualquer irregularidade".
"Contribuição de militante não tem vinculação com a ocupação de cargos", afirmou a senadora Heloísa Helena. Ela diz que dá 70% de seu salário para o PSOL, mas nenhum funcionário de congressistas do partido é obrigado a contribuir. "Jamais existiu um movimento sistemático no sentido de cobrar. (...) São movimentos espontâneos, esporádicos. As pessoas não são induzidas a fazer absolutamente nada", afirmou o senador Geraldo Mesquita.


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