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DÍZIMO
Ele teria cobrado funcionários
Doações são esporádicas, afirma senador do PSOL
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O senador Geraldo Mesquita Júnior (PSOL-AC), acusado de cobrar 40% do salário de seus funcionários para suas atividades políticas, disse ontem que recebe
apenas contribuições "espontâneas" e "esporádicas".
A acusação partiu do ex-assessor do senador, Paulo dos Santos
Freire, demitido em janeiro. Em
uma gravação, cujos trechos foram publicados ontem pelo "Jornal do Brasil", Freire fala que
Mesquita ficava com 40% do seu
salário de R$ 1.000 e que o desconto era prática comum entre os demais empregados.
A fita foi gravada pelo ex-assessor a partir de sábado passado
quando ele discutia o assunto
com a funcionária do senador em
Sena Madureira (AC) Norma
Sueli de Araújo.
"Eu não vejo irregularidade no
fato de pessoas que estão comigo
no escritório político, militantes,
me ajudarem a fazer face às demandas enormes, bem maiores
que nossas possibilidades reais",
relatou o senador.
Mesquita disse que tem de "16 a
20 funcionários pagos pelo Senado". O salário de um senador é de
R$ 12.720. Ele tem direito a cinco
assessores técnicos com salário de
R$ 8.700, seis secretários parlamentares com remuneração de
R$ 7.300 e nove assistentes de
vencimentos variados.
"Isso [a contribuição] é coisa espontânea, voluntária. Eu acho isso da maior normalidade. Não vejo qualquer irregularidade nisso:
funcionários se cotizarem para
comprar pó de café, o companheiro colocar o carro dele para
rodar por aí. Estou falando desse
tipo de contribuição", acrescentou Mesquita.
A senadora Heloísa Helena
(AL), principal dirigente do recém-criado PSOL, enviou ontem
pela manhã ofício ao Conselho de
Ética do Senado pedindo apuração do caso. À tarde, o senador
enviou correspondência ao conselho requerendo investigações
por "ter certeza" que não cometeu "qualquer irregularidade".
"Contribuição de militante não
tem vinculação com a ocupação
de cargos", afirmou a senadora
Heloísa Helena. Ela diz que dá
70% de seu salário para o PSOL,
mas nenhum funcionário de congressistas do partido é obrigado a
contribuir. "Jamais existiu um
movimento sistemático no sentido de cobrar. (...) São movimentos espontâneos, esporádicos. As
pessoas não são induzidas a fazer
absolutamente nada", afirmou o
senador Geraldo Mesquita.
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