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ORÇAMENTO 2006
Valor proposto por Carlito Merss (PT-SC) visa aumento do salário mínimo e correção da tabela do IR
Limite da emenda individual atinge R$ 4 mi
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da proposta de Orçamento para 2006, deputado Carlito Merss (PT-SC), decidiu aumentar de R$ 3,5 milhões para R$
4 milhões o limite das emendas
que cada um dos 594 deputados e
senadores podem fazer à proposta. O gasto extra para atender ao
"reajuste" virá do corte linear de
15% em todos os investimentos e
de 3% no custeio dos ministérios,
uma "tesourada" estimada em R$
3 bilhões.
As chamadas "emendas parlamentares" destinam, geralmente,
verbas do Orçamento para os redutos eleitorais dos congressistas,
que no ano que vem vão, em
grande parte, tentar a reeleição.
Merss apresentou nesta semana
seu relatório preliminar, que deve
ir a voto na Comissão Mista de
Orçamento do Congresso na terça-feira.
Apesar de não alterar nenhum
dos indicadores macroeconômicos elaborados pelo governo
quando enviou a proposta ao
Congresso, no final de agosto, o
petista deixou claro no texto que
vai tentar realocar recursos como
forma de estabelecer um aumento
maior para o salário mínimo, que
na proposta sobe para R$ 321 em
2006, para "recompor perdas salariais dos servidores" e para a
correção da tabela do Imposto de
Renda, que não se alterará em
2006 pela proposta do Executivo.
"Caberá ao Congresso Nacional
atenção especial para alocação de
recursos a fim de atender a algumas ações ou programas governamentais de grande relevância e
repercussão no país", diz o deputado em seu relatório, ao citar os
três pontos.
O fato é que a intenção do petista dificilmente encontrará amparo no Ministério da Fazenda, que
é especialmente contrário à alteração do IR. Desde 1996, quando
ocorreu a última correção com
base na inflação do ano anterior, a
tabela só foi corrigida em 2002
(17,5%), com Fernando Henrique
Cardoso, e neste ano (10%), com
Luiz Inácio Lula da Silva.
O relatório preliminar serve como base para a elaboração do relatório final, previsto para ser votado no final do ano. A proposta
de Orçamento prevê arrecadação
de R$ 523,3 bilhões em 2006, mas
reserva apenas R$ 14,32 bilhões
para investimentos -o que já representa um acréscimo de 25%
em relação ao reservado na proposta de 2005.
Grande parte do dinheiro que
entra nos cofres federais está destinado para pagamentos de juros
e encargos da dívida -R$ 179,5
bilhões- e para pagamento de
pessoal e encargos sociais -R$
108,6 bilhões.
Emendas
A alteração feita por Merrs no
valor das emendas parlamentares
individuais é fruto da grande
pressão que ocorre todo ano para
que o valor seja reajustado. No
ano passado, por exemplo, a fatia
que cada congressista tinha direito subiu de R$ 2,5 milhões para
R$ 3,5 milhões.
De acordo com o relator do Orçamento, vários deputados e senadores pediram para que o valor
limite chegasse a R$ 5 milhões.
Com o reajuste estabelecido por
Merrs, R$ 2,38 bilhões serão reservados no Orçamento para as
alterações propostas individualmente pelos parlamentares. Há
ainda as emendas que as bancadas e as comissões permanentes
do Congresso apresentam.
O corte linear feito pelo deputado -que também havia sido usado na apreciação da proposta orçamentária deste ano- atingirá
todos os investimentos previstos
pelo governo que ultrapassarem
R$ 3 milhões. Merrs esclarece ainda que a Comissão de Orçamento
realizará mais duas reestimativas
de receita -em geral, para cima-, já que a expectativa de alguns indicadores macroeconômicos mudaram desde agosto,
quando o governo elaborou a
proposta.
A idéia é encontrar fonte de recursos para alguns "buracos" que
a proposta traz. Um deles é para a
compensação a Estados que tiveram perdas de arrecadação após a
desoneração das exportações. O
Executivo, a exemplo dos anos
anteriores, não destinou nenhum
centavo para esse fim.
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