São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/ CRISE DO DOSSIÊ

CPI critica PF e vê elo entre Freud, dossiê e "valerioduto'

Deputado tucano diz que petista está envolvido

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator da CPI dos Sanguessugas, afirmou ontem considerar um "absurdo" o fato de o delegado da Polícia Federal Diógenes Curado não ter citado, em seu relatório parcial, o ex-assessor especial da Presidência Freud Godoy como um dos envolvimento no caso do dossiê. Sampaio disse ter convicção da participação de Godoy no episódio e apresentou ontem dados que, segundo ele, mostram que o ex-assessor de Lula recebeu dinheiro do valerioduto.
O deputado afirma que um depósito de R$ 150 mil em dinheiro feito por Godoy na conta da empresa de sua mulher, em 24 de março de 2004, tem chances de ser do valerioduto.
Isso porque a CPI dos Correios tem registro de um saque de R$ 150 mil feito em dinheiro, no dia anterior, pelo policial civil aposentado Áureo Marcato. O saque e o depósito ocorreram em São Paulo.
"Na época, atribuímos o saque à corretora Bônus-Banval, que afirmou que entregava o dinheiro para pessoas indicadas por Marcos Valério [o suposto operador do mensalão] e Delúbio Soares [ex-tesoureiro do PT]. E sabe quem fazia, entre outras coisas, segurança do Delúbio na época? O Freud", disse Sampaio, que acrescentou: "Está provado que o Freud era usado para manipular altas somas de dinheiro, de origem obscura. Exatamente como agora".
O deputado afirmou que convidará Curado para explicar na CPI a sua metodologia de trabalho. "É inconcebível que tenha desprezado um depoimento dado na hora da prisão, que é mais autêntico", disse Sampaio, referindo-se à primeira acusação de Gedimar Passos, segundo quem o mandante da compra do dossiê era uma pessoa de nome "Frode ou Freud".
Posteriormente, Gedimar isentou Freud de participação.
Gedimar e Valdebran Padilha foram presos em 15 de setembro com R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar documentos contra tucanos.
Freud nega envolvimento com o valerioduto e com o dossiê. Sobre o depósito feito na conta da empresa da mulher, ele justificou ao banco, em 2004, que a quantia era oriunda de serviços prestados.
"Não acreditamos que haja nada que possa livrar o Freud. Que serviços prestados seriam esses? ", questionou o tucano.


Texto Anterior: Eleições 2006/Crise do Dossiê: Acusados dizem que negociaram um mês
Próximo Texto: Janio de Freitas: Dossiê do caso dossiê
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.