São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula vê "trica e futrica" nas acusações e na imprensa

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Marisa Letícia, Marta Suplicy e a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, durante caminhada no ABC


Petista diz que não pode perder o humor porque falta "uma semana para ganhar"

"Eu não preciso ofender nenhum adversário para ganhar a eleição. Se eles quiserem me ofender, me ofendam", diz petista

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Um dia após a divulgação de que seu secretário Gilberto Carvalho ligou para um petista envolvido no caso do dossiê, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou ontem a imprensa e a oposição a apresentarem novas "acusações" contra ele e integrantes de seu governo.
Em Curitiba, ele classificou as revelações de "futricas" que não atrapalharão sua reeleição: "Eu não preciso ofender nenhum adversário para ganhar a eleição. Se quiserem me ofender, me ofendam. Se quiserem me acusar, me acusem. Eu vou ter o bom comportamento que um presidente da República deve ter: altivo, sereno e sabedor que o ódio que eles têm por mim não é por mim. Eles sabem que não roubo e não roubei, o ódio deles é [que] pela primeira vez o povo está podendo levantar a cabeça."
Ele voltou a mencionar o caso em sua passagem por Alvorada e Canoas, região metropolitana de Porto Alegre: "Não podemos perder o bom humor. Temos apenas uma semana para ganhar a eleição". No calçadão do centro de Curitiba, Lula pediu a comparação dos dois projetos presidenciais e disse que era com os avanços que a imprensa deveria se ocupar. "A imprensa brasileira poderia dar essa contribuição aos leitores dos jornais. Porque não é possível a gente viver a vida inteira subordinada à trica e à futrica. Há ladrão se anunciando inocente, e há pessoas sendo expostas todo dia", afirmou.
Ainda segundo ele, "a palavra desculpa saiu do dicionário. É só acusação, acusação e acusação". Apesar de não deixar claro, o presidente reagia às notícias sobre seu filho e sobre o relatório parcial da compra do dossiê contra tucanos entregue à Justiça, que contém a informação de que o articulador da compra Jorge Lorenzetti recebeu ligação de Gilberto Carvalho, secretário particular do presidente, e que voltou a falar com ele num segundo telefonema, no dia em que a PF prendeu os primeiros envolvidos num hotel. A "Veja", por sua vez, traz reportagem sobre a ascensão nos negócios de Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente, após contrato com a Telemar.
Lula pediu votos para o governador licenciado do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que não esteve no palanque.

Rio Grande do Sul
Já em seu comício em Alvorada (RS), Lula disse: "Se em quatro anos fizemos mais do que eles em oito, em mais quatro vamos fazer 16 ou 20 [anos]. Eles são incompetentes".
Em Canoas, Lula participou de uma caminhada e pediu votos para o petista Olívio Dutra: "Se eu tiver aqui um governador que seja um companheiro, a gente pode ajudar muito mais o Rio Grande do Sul", disse. Ele brincou com os petistas ao recomendar que não façam campanha "com o dedo esticado, porque eles podem morder".
Em comício em Caxias do Sul, o petista voltou a criticar o candidato tucano, o PSDB e FHC. "Os tucanos quase destruíram esse país e nós recuperamos". Sobre o ex-presidente: "Como é que pode um doutor da USP, um professor de ciência política, [que] na teoria conhecia tudo e na prática não conhecia absolutamente nada".
Sobre privatização no Estado, disse que "assim é fácil governar, não tem que pensar, não tem que decidir, só tem que pegar um banco e privatizar, o povo quer um governador [Olívio Dutra] não quer um mascate". Lula cobrou de Olívio que fazia tempo que ele não levava um "vinhozinho da Miolo" para ele. "Eu tomo com a Marisa, quem não gosta?". Lula esteve ontem em Curitiba, Alvorada e Caxias do Sul.


Colaborou LÉO GERCHMANN , da Agência Folha, em Canoas


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