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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula sacrifica amigos para salvar a pele, diz Alckmin
Para tucano, presidente não assume responsabilidade no escândalo do dossiê
Em Joinville, o candidato do PSDB não quis comentar a reportagem da "Veja" sobre o suposto envolvimento de Lulinha com um lobista
SILVIO NAVARRO
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
A uma semana da eleição, o
candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou
ontem que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva "sacrifica
amigos para salvar a própria
pele" e "não assume responsabilidade" no escândalo da compra do dossiê contra tucanos.
Alckmin disse ainda que o ex-diretor do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) Jorge Lorenzetti é apenas "um bode expiatório" no caso.
"Acho um absurdo não aparecer a verdade até as eleições.
Na realidade, o Lorenzetti é um
bode expiatório. Isso aí é muito
mais amplo, muito mais grave."
Amigo e churrasqueiro do
presidente, Lorenzetti é ex-coordenador da área de inteligência da campanha de reeleição de Lula e um dos principais
suspeitos, segundo a Polícia Federal, de montar operação para
adquirir o dossiê.
"É R$ 1,7 milhão, dólares,
reais, provavelmente originários de corrupção envolvendo o
presidente da República", afirmou. "O Lula sempre sacrifica
os amigos para salvar a sua pele.
Isso aconteceu em todos os escândalos, esse não é o primeiro.
É uma maneira de agir que entendo como errada, ele não assume responsabilidade."
"Há um desmando no Palácio do Planalto, onde os fins
justificam os meios. O presidente sempre posa de santinho,
não sabe nada, não viu nada, os
amigos é que são "mauzinhos"."
As declarações do tucano foram feitas em entrevista, pouco
antes de ele participar de um
comício em Florianópolis, ao
lado do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que
disputa o segundo turno em SC.
Ao chegar ao local, Alckmin
foi recepcionado por um grupo
que empunhava chuveiros da
marca Lorenzetti, em alusão ao
sobrenome do suspeito de articular a compra do dossiê.
Reeleito no primeiro turno
para o governo de Minas Gerais
com 77% dos votos válidos, Aécio Neves (PSDB) também subiu ao palanque para criticar a
gestão petista. "Não queremos
continuar assistindo no país ao
desmando da corrupção e à irresponsabilidade", disse.
Na cidade de Joinville, Alckmin não quis comentar a reportagem publicada na "Veja" deste final de semana sobre o suposto envolvimento Fábio Luís
Lula da Silva, filho do presidente, com um lobista. O candidato
tucano afirmou que ainda não
havia lido a revista.
À noite, em Porto Alegre, o
tucano evitou associar diretamente o presidente Lula no escândalo do dossiê. Questionado
pela Folha se considerava que
Lula tinha envolvimento na
compra do dossiê, desconversou.
O candidato voltou a criticar
a postura de Lula com relação
aos companheiros do PT. "O
presidente quer se passar de
bonzinho e vai sacrificando
seus amigo". Alckmin esteve
ontem em Joinville, Florianópolis, São Bento do Sul e Porto
Alegre.
(Colaborou THIAGO REIS, da Agência Folha)
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