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ELEIÇÕES 2006 / LIGAÇÕES PERIGOSAS
PSDB pede explicações no "caso Lulinha"
Reportagem da revista "Veja" afirma que filho do presidente atuou em escritório de lobista para defender empresas
Fábio Luís e seu sócio Kalil Bittar, donos da Gamecorp, usaram sala de Alexandre Paes dos Santos, lobista que foi alvo de investigação da PF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição cobrou ontem do
Palácio do Planalto explicações
sobre denúncias de que o empresário Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, sócio da
empresa Gamecorp, estaria
atuando no governo para defender interesses da Telemar,
empresa de telecomunicações,
e de uma produtora de vídeos.
Reportagem publicada pela
revista "Veja" afirma que Fábio, o Lulinha, foi "acionado para defender os interesses da Telemar junto ao governo" e teria
ligações com o lobista Alexandre Paes dos Santos, que foi alvo de investigações da PF.
A proximidade do poder justificaria, segundo a revista, o investimento de R$ 15 milhões
que a Telemar fez na Gamecorp, empresa cuja sociedade
Fábio divide com Kalil Bittar.
Para o coordenador da campanha do tucano Geraldo Alckmin, senador Sérgio Guerra
(PSDB-PE), tanto o presidente
como seu filho devem explicações. "Essa questão tem de ser
esclarecida. O presidente e seu
filho deviam dar um amplo esclarecimento ao país. Não estou prejulgando, mas não compreendo a omissão."
Já o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) ironizou. "Esse rapaz é um gênio, cuja genialidade só se manifestou após ele ter
um pai na Presidência."
A Folha procurou a assessoria de imprensa do Palácio do
Planalto, mas, até o fechamento da edição, não teve resposta.
Conforme a revista, os sócios
Fábio e Kalil se reuniram em
Brasília com o secretário de Direito Econômica, Daniel Goldberg, em três ocasiões diferentes, para "sondar que posição a
SDE [Secretaria de Direito
Econômico] tomaria caso a Telemar comprasse a concorrente Brasil Telecom -fusão que a
lei proíbe ainda hoje".
Goldberg estava ontem em
Bruxelas, para onde viajou a
trabalho. Segundo a assessoria
de imprensa do Ministério da
Justiça, órgão ao qual a SDE é
subordinada, nos encontros, o
assunto tratado foi a indicação
de um escritório de advocacia e
de uma consultoria em direito
tributário para assessorar os
sócios na condução dos negócios da Gamecorp.
A reportagem da revista afirma que, quando em Brasília,
Fábio Luís e Kallil usavam as
instalações de uma sala abrigada no escritório do lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS.
Conhecido em Brasília, o nome APS ganhou dimensão nacional em 2001, quando uma
de suas agendas, apreendida
pela PF com ordem judicial, revelou indicações de que, por
meio de lobistas, seriam pagas
propinas a políticos.
APS não retornou recados
deixados pela Folha na caixa
postal de seu celular. À revista,
ele confirmou que a dupla ocupava a sala, que lhes fora cedida
a pedido da empresária Arlette
Siaretta, do grupo Casablanca,
um conjunto de empresas que
se dedica principalmente à
produção de filmes e eventos.
Segundo a revista, o objetivo
de Siaretta ao se aproximar do
filho do presidente era "abrir as
portas do governo" petista, já
que ela estava "carimbada" por
trabalhos prestados ao PSDB.
A investida, sugere a revista,
deu certo, pois a Casablanca
"continuou tendo no governo
petista a mesma participação
que tinha no mercado nos oito
anos dos tucanos, algo em torno de 50% de todos os contratos de filmes feitos para as empresas de publicidade que prestam serviço ao governo". Siaretta não atendeu a Folha.
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