São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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Para analista deputados ricos são de direita

DA AGÊNCIA FOLHA

A nova Câmara dos Deputados -que será composta por 49 parlamentares milionários a mais do que a atual legislatura e um patrimônio médio maior- tende a ser uma Casa politicamente mais à direita. Essa é a avaliação do cientista político Leôncio Martins Rodrigues, ex-professor da USP e da Unicamp.
Na análise do cientista politico, "de forma geral", uma casa mais rica tende a ser mais conservadora. "[A posição social] Não é única variável, mas é importante na determinação do jogo político."
Estudioso do perfil socioeconômico dos membros da Câmara dos Deputados e autor de livros como "Partidos, Ideologia e Composição Social -Um Estudo das Bancadas Partidárias na Câmara dos Deputados" (Edusp) e "Mudanças na Classe Política Brasileira" (Publifolha), o analista cita como um exemplo claro de relação entre tamanho de patrimônio e posicionamento ideológico a composição da bancada do PFL. "É um partido com enorme número de empresários. Você não vê sindicalistas", afirma.
De acordo com ele, a análise do aumento de parlamentares milionários na Câmara deve levar em conta o tempo que o parlamentar está na Casa. Quanto mais legislaturas, maior a proporção de pessoas com alto patrimônio, afirma. "Já existe essa tendência natural."
Ser rico, segundo Rodrigues, não é necessariamente um fator negativo para quem disputa as eleições. "A minha opinião é que o povão, o eleitorado de baixo nível de escolaridade, não gosta mesmo é de grã-fino."
Ele cita a primeira-dama argentina Evita Perón (1919-1952) e o governador de São Paulo Adhemar de Barros (1901-1969) como exemplos de políticos ricos e adorados pelos eleitores.
Sua pesquisa indica que, a despeito dos deputados estarem mais ricos, existe uma "popularização" da origem social dos parlamentares. Nas últimas eleições, mais sindicalistas, pastores, bancários e professores entraram, em detrimento dos empresários, diz.
"Política é, no Brasil, um meio de ascensão social para os que vieram mais de baixo. As massas entraram no jogo político."
Como resultado dessa popularização, analisa, a Câmara fica mais "inexperiente". Normalmente, segundo Rodrigues, esses novos deputados tendem a concentrar-se junto ao "baixo clero"- parlamentares com pouco prestígio político na Casa. (JCM e TR)


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