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Para analista
deputados ricos são de direita
DA AGÊNCIA FOLHA
A nova Câmara dos Deputados -que será composta
por 49 parlamentares milionários a mais do que a atual
legislatura e um patrimônio
médio maior- tende a ser
uma Casa politicamente
mais à direita. Essa é a avaliação do cientista político
Leôncio Martins Rodrigues,
ex-professor da USP e da
Unicamp.
Na análise do cientista politico, "de forma geral", uma
casa mais rica tende a ser
mais conservadora. "[A posição social] Não é única variável, mas é importante na determinação do jogo político."
Estudioso do perfil socioeconômico dos membros da
Câmara dos Deputados e autor de livros como "Partidos,
Ideologia e Composição Social -Um Estudo das Bancadas Partidárias na Câmara
dos Deputados" (Edusp) e
"Mudanças na Classe Política Brasileira" (Publifolha), o
analista cita como um exemplo claro de relação entre tamanho de patrimônio e posicionamento ideológico a
composição da bancada do
PFL. "É um partido com
enorme número de empresários. Você não vê sindicalistas", afirma.
De acordo com ele, a análise do aumento de parlamentares milionários na Câmara
deve levar em conta o tempo
que o parlamentar está na
Casa. Quanto mais legislaturas, maior a proporção de
pessoas com alto patrimônio, afirma. "Já existe essa
tendência natural."
Ser rico, segundo Rodrigues, não é necessariamente
um fator negativo para quem
disputa as eleições. "A minha
opinião é que o povão, o eleitorado de baixo nível de escolaridade, não gosta mesmo
é de grã-fino."
Ele cita a primeira-dama
argentina Evita Perón (1919-1952) e o governador de São
Paulo Adhemar de Barros
(1901-1969) como exemplos
de políticos ricos e adorados
pelos eleitores.
Sua pesquisa indica que, a
despeito dos deputados estarem mais ricos, existe uma
"popularização" da origem
social dos parlamentares.
Nas últimas eleições, mais
sindicalistas, pastores, bancários e professores entraram, em detrimento dos empresários, diz.
"Política é, no Brasil, um
meio de ascensão social para
os que vieram mais de baixo.
As massas entraram no jogo
político."
Como resultado dessa popularização, analisa, a Câmara fica mais "inexperiente".
Normalmente, segundo Rodrigues, esses novos deputados tendem a concentrar-se
junto ao "baixo clero"- parlamentares com pouco prestígio político na Casa.
(JCM e TR)
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