São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Climão

Na véspera de comparecer ao encontro com Lula, Michel Temer foi apontado por governistas do PMDB como o mentor da dissidência de seis senadores que ontem, em almoço na churrascaria Porcão de Brasília, resolveram se declarar "independentes".
O presidente do partido diz ter sido procurado antes e depois do encontro e informado do resultado, que transmitirá a Lula, mas nega ter articulado o motim. Aliados seus, porém, passaram imediatamente a reverberar a tese de que, com o levante na bancada, a reeleição de Renan está "em xeque", e seu papel como interlocutor privilegiado do Planalto, "abalado". Para o grupo do Senado, a manobra mostra que Temer aposta na divisão do partido para se manter no poder.

Bússola. Resposta dada por Renan a quem lhe perguntava ontem se acompanharia Temer à audiência com Lula: "Eu não, ele sabe o caminho".

Fincado. Na conversa com o presidente, Temer vai reiterar a disposição do PMDB de disputar o comando da Câmara.

Beleza Pura. Uma falha no áudio da TV Senado provocou interferência de emissora de rádio durante a sessão de ontem no plenário. Enquanto Renan Calheiros falava, ouvia-se Caetano Veloso : "Não me amarra dinheiro, não".

Overbooking. Da comitiva de senadores que compareceu ao enterro de Ramez Tebet (PMDB-MS) no final de semana, apenas uma integrante não foi convidada a pegar carona com Lula na volta: Heloísa Helena (PSOL-AL).

O que fazer 1. Armando Monteiro Neto levou ontem à Fazenda um documento com propostas da indústria para que o país atinja os 5% de crescimento desejados por Lula. Guido Mantega manifestou tanto interesse que desceu de seu gabinete e foi aguardar o presidente da CNI na entrada do ministério.

O que fazer 2. O governo decidiu chamar o especialista em gestão Vicente Falconi para conversar. São de sua autoria as medidas sugeridas pelo empresário Jorge Gerdau, objeto de comentário irônico de Mantega ("Se são eficazes, será a descoberta da América").

A propósito. Como os depoimentos de ontem na CPI dos Sanguessugas implicaram ainda mais Hamilton Lacerda, ex-braço direito de Aloizio Mercadante, o deputado Julio Redecker (PSDB-RS) apresentou requerimento convidando o senador a depor.

Longa data. A CPI encerrou o dia convencida de que a relação de Valdebran Padilha com o PT é mais profunda do que se imaginava. Ele telefonou 147 vezes para Expedito Veloso e 97 vezes para Jorge Lorenzetti nos dias que antecederam sua prisão em SP.

Dois senhores. Já para o empresário Luiz Antonio Vedoin, pivô do esquema sanguessuga e de quem Valdebran se diz representante na negociação com os petistas, foram modestas 15 ligações.

Monitor. Vice-presidente da CPI, o deputado Raul Jungman (PPS-PE) participou segunda à noite de reunião no apartamento de FHC em São Paulo, ao lado de Carlos Sampaio (PSDB-SP). O próximo convidado será Fernando Gabeira (PV-RJ).

Prontidão. Preterida por José Serra para o Trabalho, a Força Sindical ameaça mover campanha contra o futuro titular da secretaria, Guilherme Afif. Ao lado da CUT, a central vai repisar o bordão de campanha de Eduardo Suplicy (PT), segundo quem o pefelistas teria votado "contra os trabalhadores" na Câmara.

Butim. Derrotado em Santos, o PT corre o risco de perder espaço no porto, alvo da cobiça de PMDB e PL. Mas Telma de Souza, que não conseguiu se reeleger, já deu um jeito de avisar a Lula que quer o comando da Codesp.

Tiroteio

"O hotel fazenda do Blairo Maggi tem a diária mais cara do país: R$ 1 bi em verbas federais para a soja".
Do deputado eleito DUARTE NOGUEIRA (PSDB-SP), sobre o pernoite de Lula na fazenda do governador de Mato Grosso, que declarou voto no petista depois da liberação de socorro federal aos produtores de soja.

CONTRAPONTO

Classe econômica

No início do governo Lula, em 2003, a então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), pediu uma carona a Geraldo Alckmin (PSDB), à época governador do Estado, até Brasília, onde participariam de uma reunião no Planalto.
Com a dupla já embarcada no avião de que o governo paulista dispunha na ocasião, um dos auxiliares do tucano, que fazia as vezes de comissário de bordo, perguntou:
-A senhora aceita algo para beber, prefeita?
-Suco de tomate, por favor.
-Desculpe, mas só temos água e refrigerante.
Marta riu e observou:
-Como você é pão-duro, Geraldo!


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