São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise agrícola surpreendeu, afirma petista

DO ENVIADO ESPECIAL A SAPEZAL (MT)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem em Sapezal (MT), a 480 km de Cuiabá, que foi surpreendido pela crise na agricultura de grãos, que já dura dois anos, e que vai tentar consolidar uma política agrícola para evitar novos infortúnios.
Dirigindo-se ao governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (sem partido), um dos maiores produtores de soja do país, Lula afirmou ver "extraordinários" sinais de recuperação do setor. "Não podemos esperar ter outra crise para resolver o problema da agricultura. Temos que aproveitar o momento que a agricultura se recupera para (...) estabelecer todas as políticas agrícolas necessárias para que numa próxima crise a gente não seja pego de calça curta."
O seguro agrícola foi usado como exemplo. "Se a gente consolidar uma política de seguro agrícola todo mundo vai ter a certeza de que quando tiver uma crise ele vai ter o dinheiro para ressarcir o possível prejuízo que ele teve e toca a agricultura no ano seguinte."
Para falar dos problemas da agricultura, Lula citou a chuva, o sol e as pragas, mas não mencionou a taxa de câmbio, a principal reclamação dos produtores de grãos, dependentes da exportação do produto e importação de insumos.
O presidente disse ainda que a crise se resume aos grãos, já que o café, a cana-de-açúcar e a laranja vão bem. Afirmou ter sido acusado injustamente de não se importar com a agricultura. "Tenho consciência do que representa a agricultura brasileira, não apenas para o crescimento do Estado do Mato Grosso, mas para o desenvolvimento do nosso país, para a possibilidade de gerar emprego. Tenho consciência da qualidade dos nossos empresários agrícolas, como tenho consciência da qualidade da agricultura familiar."
Maggi, que discursou antes dele, abordou os problemas enfrentados. Em seguida, homenageado com a visita de um presidente à cidade fundada por seu pai e sede da principal fazenda da família Maggi, fez elogios: "No mesmo momento em que dizemos que não estamos bem, temos também que agradecer ao seu governo, à sua pessoa, ao ministro da Agricultura. No momento em que pôde fazer as intervenções, o fez, e o fez com competência, e hoje temos as nossas possibilidades de prever os preços futuros".
O governador foi o porta-voz dos agricultores no segundo turno das eleições, quando o governo anunciou a liberação R$ 1 bilhão para produtores de soja. No momento em que a disputa com o tucano Geraldo Alckmin era mais acirrada, a ação foi considerada eleitoreira. A medida foi suspensa, mas liberada no início deste mês.
No final do discurso, ao se despedir, o presidente fez uma adaptação da frase que marcou o segundo turno das eleições.
"Só queria dizer aos nossos adversários: deixem os homens trabalhar, porque a coisa vai acontecer neste país."


Texto Anterior: Obra consumiu parcela pequena do Orçamento
Próximo Texto: Análise: Governo cortou verbas do setor e reagiu tarde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.