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análise
Governo cortou verbas do setor e reagiu tarde
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A crise da agricultura não
teve imprevistos. Chegou aos
poucos, se espalhou por toda
a agropecuária e acabou atingindo toda a economia.
No início, o governo assistiu passivamente e manteve
o corte de verbas devido ao
contingenciamento. Constatada sua gravidade, o governo adotou várias medidas de
apoio. Era tarde: os prejuízos
dos produtores já somavam
pelo menos R$ 30 bilhões.
O governo não pode ser o
único culpado pela crise, sobretudo porque grande parte
dela foi originada pela seca e
pela queda de preços no mercado internacional. A morosidade do governo em agir,
porém, mesmo com a advertência do Ministério da Agricultura, certamente ampliou
as conseqüências da crise.
Além disso, o principal fator de descasamento da renda com os gastos no setor
veio do real valorizado. O dólar valorizado em 2004 provocou elevados gastos dos
produtores na compra de insumos importados, como
fertilizantes. Em 2005, na
hora da venda da safra, o dólar estava fraco, o que gerou
renda menor aos produtores.
No plantio de 2005 e na colheita de 2006, a dose se repetiu, aprofundando as perdas. Essa situação é conseqüência da política cambial.
A agropecuária é vítima da
própria eficiência. Ao gerar
todo ano um superávit de
US$ 35 bilhões a US$ 40 bilhões, o setor traz para o país
um volume elevado de dólares, fortalecendo o real.
As perspectivas para a
agropecuária em 2007 são
melhores, mas, se o governo
se acomodar, surgirão novos
problemas: uma safra maior
nos setores de grãos e de carnes exigirá uma logística melhor nas exportações.
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