São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

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análise

Governo cortou verbas do setor e reagiu tarde

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A crise da agricultura não teve imprevistos. Chegou aos poucos, se espalhou por toda a agropecuária e acabou atingindo toda a economia.
No início, o governo assistiu passivamente e manteve o corte de verbas devido ao contingenciamento. Constatada sua gravidade, o governo adotou várias medidas de apoio. Era tarde: os prejuízos dos produtores já somavam pelo menos R$ 30 bilhões.
O governo não pode ser o único culpado pela crise, sobretudo porque grande parte dela foi originada pela seca e pela queda de preços no mercado internacional. A morosidade do governo em agir, porém, mesmo com a advertência do Ministério da Agricultura, certamente ampliou as conseqüências da crise.
Além disso, o principal fator de descasamento da renda com os gastos no setor veio do real valorizado. O dólar valorizado em 2004 provocou elevados gastos dos produtores na compra de insumos importados, como fertilizantes. Em 2005, na hora da venda da safra, o dólar estava fraco, o que gerou renda menor aos produtores. No plantio de 2005 e na colheita de 2006, a dose se repetiu, aprofundando as perdas. Essa situação é conseqüência da política cambial.
A agropecuária é vítima da própria eficiência. Ao gerar todo ano um superávit de US$ 35 bilhões a US$ 40 bilhões, o setor traz para o país um volume elevado de dólares, fortalecendo o real.
As perspectivas para a agropecuária em 2007 são melhores, mas, se o governo se acomodar, surgirão novos problemas: uma safra maior nos setores de grãos e de carnes exigirá uma logística melhor nas exportações.


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