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Incra quer desapropriar terra no Pará alugada por Dantas
PF diz que banqueiro usa agropecuária para lavar dinheiro com compra de gado; ele nega
Empresa do grupo de Dantas afirma que ao menos 40 mil hectares já são utilizados
para criar gado; sem-terra reivindicam área desde 2004
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Incra (Instituto Nacional
de Colonização e Reforma
Agrária) abriu processo para
desapropriar a fazenda Cristalino, em Santana do Araguaia
(PA), imóvel usado na criação
de gado pela Agropecuária Santa Barbara Xinguara, do grupo
de Daniel Dantas. A empresa
diz que arrenda a fazenda desde dezembro de 2007.
No inquérito da Operação
Satiagraha, a Polícia Federal
acusou Dantas de usar a agropecuária para lavar dinheiro. O
banqueiro nega.
Via assessoria, o Incra disse
ontem que abriu o processo
porque os 52 mil hectares da
área são reivindicados por
"movimentos sociais que alegam que a terra é improdutiva".
"Por conta disso, em outubro, o Incra determinou uma
vistoria, já concluída, na área. O
relatório está sendo elaborado", afirmou o Incra.
A Santa Barbara Xinguara
disse, por assessoria, que não
há critérios técnicos para justificar um processo de desapropriação. A agropecuária afirma
ainda que as terras são produtivas e servem à criação de gado
desde dezembro.
A área original da fazenda,
segundo o órgão, tinha 140 mil
hectares. Em maio de 2004, 88
mil foram desapropriados para
a reforma agrária pelo governo
Lula. Os 52 mil hectares restantes passaram, então, a ser reivindicados por sem-terra.
Apesar de a reivindicação ser
de 2004, o Incra abriu o processo para nova desapropriação
somente em outubro, três meses após a Satiagraha. Em processo judicial, a fazenda está
avaliada em R$ 20 milhões.
A agropecuária diz que alugou a área do fazendeiro Antonio Lucena de Barros para criar
gado e que ao menos 40 mil
hectares já são usados na atividade. Barros não foi localizado.
Cerca de 700 famílias ligadas
à Fetraf (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar) invadiram a fazenda em
agosto. A agropecuária entrou
com pedido de reintegração de
posse. Em setembro, a Justiça
perguntou ao Incra se havia interesse do governo na terra.
O órgão, então, disse em outubro que "a área em questão
tem procedimento administrativo, para fins de desapropriação, com etapa de elaboração
de laudo técnico de vistoria".
Assim, o juiz Libio Araújo Moura enviou o processo para a Justiça Federal de Marabá (PA),
que decidirá sobre a posse.
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