São Paulo, Quarta-feira, 22 de Dezembro de 1999


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Militares levam Boeing que sofreu pane para a festa

Ichiro Guerra/Folha Imagem
O 707 usado por Maciel em demonstração ontem em Brasília


da Sucursal de Brasília

A Aeronáutica preparou uma festa cheia de surpresas para a despedida do tenente-brigadeiro Walter Bräuer. A maior delas foi abrir o desfile aéreo, tradicional em cerimônias desse tipo, com o Boeing-707 cuja turbina pegou fogo e sofreu pane em viagem com o vice-presidente Marco Maciel, na terça-feira da semana passada, em Amsterdã, na Holanda.
O avião, prefixo KC-03, é semelhante ao avião conhecido como "Sucatão", usado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em viagens internacionais. A Aeronáutica tem quatro modelos iguais, com idade média de 40 anos.
Depois do acidente com Maciel, Alvares anunciou que FHC não mais viajaria no "Sucatão", desencadeando uma crise com a Aeronáutica. A Força Aérea se negou a reconhecer problemas de manutenção das aeronaves, tratando o caso como acidente sem maiores proporções.
Em nota oficial, a Aeronáutica afirmou que não houve fogo na aeronave e que o defeito era fácil de ser consertado. Disse ainda que ele poderia ser reparado a tempo de voar com o vice-presidente de volta ao Brasil. Maciel recusou a viagem, mas a Aeronáutica resolveu arrumar o avião e, exatamente uma semana depois, colocou-o para voar na cerimônia, numa forma de demonstrar que houve exagero na queixa.
Ontem, o KC-03 fez três sobrevôos sobre a Base Aérea de Brasília, sempre cercado por quatro caças F-5, simulando um abastecimento no ar.

Aplausos
Bräuer foi entusiasticamente aplaudido pelos cerca de 400 militares presentes à cerimônia. Logo depois que o locutor terminou a leitura do discurso de despedida do tenente-brigadeiro, com a frase "Eu sou apenas um democrata", Bräuer foi aplaudido por quase dois minutos. Elcio aplaudiu discretamente.
O ministro ficou dez minutos no coquetel, oferecido ao final da festa. Saiu sem dar entrevistas, depois de militares tentarem desviar a imprensa para outra sala. Bräuer e o novo comandante, Carlos Almeida Baptista, ficaram por quase duas horas juntos, recebendo cumprimentos.
Antes do coquetel, Bräuer foi recebido com honras militares e passou em revista a tropa ao som do "Hino da Independência".
Bräuer viaja hoje para o Rio, onde deve ficar nos festejos de final de ano. A mulher dele, Lucíola, visivelmente emocionada, reclamava da saída abrupta do marido do cargo. "Agora somos destelhados, não temos para onde ir."
A família Bräuer tem um apartamento no Rio, mas está alugado. A Folha apurou que Shirley Baptista, mulher do novo inquilino da casa oficial da Aeronáutica, localizada na antiga Península dos Ministros, no Lago Sul (bairro nobre de Brasília), deu prazo até o final de janeiro para a mudança. (WF e AG)

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