São Paulo, Quarta-feira, 22 de Dezembro de 1999


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GOVERNO
Para Carlos de Almeida Baptista, é preciso definir se a sociedade considera a Força indispensável
Novo chefe cobra verba para Força Aérea

da Sucursal de Brasília

Em sua posse ontem no Comando da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, 67, cobrou recursos orçamentários para reequipar a Força e admitiu que há conflitos entre a Aeronáutica e o governo federal.
"Conseguir recursos é a minha meta principal. Não sei como será. Eu compreendo a dificuldade que possa ter o presidente, o ministro (Pedro) Malan (Fazenda) e os responsáveis por essa área de Orçamento. Eu não sei como é. Sei que precisa haver (recursos)", disse Baptista, em entrevista logo após sua posse.
"Temos de resolver se queremos ter uma Força Aérea, ou se ela é dispensável. A sociedade brasileira deseja ter uma Força Aérea adequada ao país ou não?"
A reivindicação por recursos ajudou no desgaste do ex-comandante Walter Bräuer com o Ministério da Defesa e com o Palácio do Planalto.
Sobre outros temas polêmicos, como privatização de aeroportos e aumento da participação do capital estrangeiro na Embraer, o novo comandante afirmou que precisa saber "os tipos de conflitos que existem entre a Aeronáutica e o governo".
Baptista disse que se reuniria ontem mesmo com o Alto Comando da Aeronáutica e com o ministro Elcio Alvares (Defesa) para discutir os assuntos.
No discurso de posse, ele afirmou que vai promover a "harmonização dos objetivos aeronáuticos com os objetivos governamentais".
"Minha função é operacional. O ministro (militar) tinha direito a emitir opinião política. Hoje, existe um ministro da Defesa, que é político."
Ele defendeu que o governo aprove o plano de reaparelhamento da Aeronáutica, que prevê compra de aviões e investimentos de US$ 2,2 bilhões em 12 anos.
Carlos Baptista defendeu a privatização dos aeroportos com "segurança e tranquilidade" e afirmou que compartilha da preocupação dos militares contrários à medida.
"Mas eu sabia que um dia a gente teria de passar a aviação civil para um órgão estruturado", disse o comandante.
Baptista afirmou que não cabe a ele analisar as críticas do discurso de seu antecessor ontem. "Quem tem de interpretar as críticas são as autoridades talvez atingidas."
Segundo Baptista, "todos têm de respeitar a dor de um homem, que se viu substituído traumaticamente". Segundo ele, a Aeronáutica está "sentida".


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