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Dinheiro público financiou
US$ 138 milhões à empresa
ROBERTO COSSO
da Reportagem Local
A Embraer recebeu US$ 138 milhões em empréstimos financiados com dinheiro público desde
que foi privatizada, em 7 de dezembro de 1994.
O grupo Bozano, Simonsen e os
fundos de pensão Previ (Banco do
Brasil) e Sistel (ex-funcionários da
Telebrás) pagaram US$ 192,2 milhões pela empresa.
Apenas US$ 100 mil foram pagos em dinheiro. O restante
-US$ 192,1 milhões- foi pago
com "moedas podres", de acordo
com informações do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), órgão responsável pela venda.
A assessoria de imprensa da
Embraer informou que o BNDES
fez um empréstimo à empresa de
US$ 115 milhões em 96 para o desenvolvimento do avião ERJ-145,
avião à jato regional para transporte de 50 passageiros.
De acordo com a Embraer, o Finep (Financiadora de Estudos e
Projetos, órgão do Ministério da
Ciência e Tecnologia) emprestou
em 97 outros US$ 23 milhões para
o desenvolvimento do avião ALX,
conhecido como Super Tucano.
Esse avião é considerado do tipo
"leve de ataque" e foi criado para
atender uma encomenda da FAB
(Força Aérea Brasileira), que o
utiliza em treinamentos.
Relatório do TCU (Tribunal de
Contas da União), obtido pela Folha, confirma o valor do empréstimo do BNDES. Mas o banco só
reconhece empréstimo de US$ 3,2
milhões à Embraer, em 98.
A reportagem apurou que no final de 97 a Embraer teve dificuldades para oferecer garantias aos
empréstimos. Ata de reunião realizada naquela época pela empresa afirma que "a quase totalidade
dos imóveis e das máquinas industriais (da Embraer) já têm gravame a favor do BNDES".
Outra ata mostra que a empresa
aprovou a participação do
BNDES no faturamento futuro da
Embraer com a venda de aviões,
como forma de devolução do dinheiro emprestado pelo banco.
A assessoria da Embraer informou que os acionistas investiram
US$ 520 milhões na empresa depois da privatização.
Em julho deste ano, os acionistas da Embraer receberam US$
209 milhões pela venda de 20%
das ações com direito a voto para
um consórcio francês. O dinheiro
não foi reinvestido.
O governo federal havia emitido
cerca de US$ 68 milhões em títulos públicos para pagar os credores da Embraer em 94. A medida
tinha por objetivo sanear a situação financeira da empresa, para
que ela pudesse ser privatizada.
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