São Paulo, Quarta-feira, 22 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dinheiro público financiou US$ 138 milhões à empresa

ROBERTO COSSO
da Reportagem Local

A Embraer recebeu US$ 138 milhões em empréstimos financiados com dinheiro público desde que foi privatizada, em 7 de dezembro de 1994.
O grupo Bozano, Simonsen e os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil) e Sistel (ex-funcionários da Telebrás) pagaram US$ 192,2 milhões pela empresa.
Apenas US$ 100 mil foram pagos em dinheiro. O restante -US$ 192,1 milhões- foi pago com "moedas podres", de acordo com informações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), órgão responsável pela venda.
A assessoria de imprensa da Embraer informou que o BNDES fez um empréstimo à empresa de US$ 115 milhões em 96 para o desenvolvimento do avião ERJ-145, avião à jato regional para transporte de 50 passageiros.
De acordo com a Embraer, o Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia) emprestou em 97 outros US$ 23 milhões para o desenvolvimento do avião ALX, conhecido como Super Tucano.
Esse avião é considerado do tipo "leve de ataque" e foi criado para atender uma encomenda da FAB (Força Aérea Brasileira), que o utiliza em treinamentos.
Relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), obtido pela Folha, confirma o valor do empréstimo do BNDES. Mas o banco só reconhece empréstimo de US$ 3,2 milhões à Embraer, em 98.
A reportagem apurou que no final de 97 a Embraer teve dificuldades para oferecer garantias aos empréstimos. Ata de reunião realizada naquela época pela empresa afirma que "a quase totalidade dos imóveis e das máquinas industriais (da Embraer) já têm gravame a favor do BNDES".
Outra ata mostra que a empresa aprovou a participação do BNDES no faturamento futuro da Embraer com a venda de aviões, como forma de devolução do dinheiro emprestado pelo banco.
A assessoria da Embraer informou que os acionistas investiram US$ 520 milhões na empresa depois da privatização.
Em julho deste ano, os acionistas da Embraer receberam US$ 209 milhões pela venda de 20% das ações com direito a voto para um consórcio francês. O dinheiro não foi reinvestido.
O governo federal havia emitido cerca de US$ 68 milhões em títulos públicos para pagar os credores da Embraer em 94. A medida tinha por objetivo sanear a situação financeira da empresa, para que ela pudesse ser privatizada.


Texto Anterior: Embraer diz que controle não muda
Próximo Texto: FHC critica precipitação no julgamento de "atos públicos"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.