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No AM, fita é base para a denúncia contra pai e filho
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A denúncia (acusação formal)
encaminhada pelo Ministério Público Federal do Amazonas à Procuradoria Geral da República
contra o vice-presidente do TJ no
Estado, desembargador Ubirajara
Francisco de Moraes, é embasada
por uma fita de áudio.
Nela, Júlio César Rubim, filho
do desembargador, aparece negociando uma decisão judicial por
R$ 80 mil em junho do ano passado. Júlio Rubim é funcionário do
TJ-AM e consultor jurídico do desembargador Moraes.
A fita foi analisada pelo perito
Ricardo Molina de Figueiredo,
que atestou que não houve montagem. O advogado Ronaldo Lázaro Tiradentes, parte interessada
em processo que seria homologado pelo desembargador Moraes,
disse que gravou as negociações
com o filho do desembargador
porque "sentiu" a decisão deles
"em fazer um leilão sobre uma decisão judicial".
"A partir do momento em que
Júlio César disse que a outra parte
havia oferecido R$ 50 mil e que se
eu desse R$ 80 mil a decisão me
seria favorável, passei a gravar
nossas conversas", afirmou.
Tiradentes disse que procurou o
Ministério Público Federal após
esperar "desde janeiro deste ano
alguma medida da Corregedoria
Geral de Justiça do Estado, onde
representei contra os dois".
Ronaldo Tiradentes disse que o
desembargador Moraes despachou decisão contrária ao seu interesse em junho de 2002. "No
mesmo mês, o filho [do juiz] voltou a me procurar afirmando que,
se eu pagasse, poderia entrar com
ação rescisória porque o pai iria
decidir a meu favor, em uma evidente ação de suborno com chantagem", afirmou.
A maior parte das gravações feitas pelo advogado são desse período. Em um dos trechos, a voz
identificada como de Júlio Rubim
orienta o advogado sobre como
falar com seu pai, em uma reunião agendada por ele: "Ele [o pai]
vai ser sincero e dizer pra ti: Ronaldo faz isso, isso, isso... Você
tem que conversar, entende? Vocês vão conversar francamente
que nem nós tivemos ontem. Só
eu, você e ele [o pai]". Em outro
trecho, a voz atribuída a Rubim
diz: "Quando entro num negócio,
vou até o fim".
Peterson Pereira, o mesmo procurador da República que encaminhou a denúncia contra o desembargador Moraes e seu filho,
oficiou também ao subprocurador-geral da República Antônio
Fernando Barros Souza Silva denúncia contra o desembargador
Manoel Neuzimar Pinheiro.
Pinheiro foi procurado, no ano
passado, por uma empresária
com uma denúncia contra um
juiz que teria exigido, em 2000, o
pagamento de R$ 100 mil para homologar uma partilha de bens da
qual era inventariante. "Ele soube
da acusação e, como desembargador, se omitiu", afirmou Peterson.
Pinheiro disse que não era sua
competência "tomar atitudes sobre o caso". "Esse caso está no
Conselho Superior da Magistratura, logo não é minha competência decidir sobre isso." O corregedor-geral disse que não é de sua
competência fazer correições
contra desembargadores.
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