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CASO SANTO ANDRÉ
Empresário deporá pela 1ª vez como acusado pela morte de Daniel
Gomes da Silva será interrogado hoje
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Sérgio Gomes da
Silva será interrogado hoje pela
primeira vez como um dos supostos mandantes do assassinato do
prefeito de Santo André, Celso
Daniel (PT), morto no mês de janeiro do ano passado.
Gomes da Silva, que começou a
carreira como segurança de Daniel em 1989, é acusado de homicídio triplamente qualificado.
Além das perguntas formuladas
pelo juiz da 1ª Vara da Comarca
de Itapecerica da Serra, Luiz Fernando Migliori Prestes, o empresário será indagado ainda pelos
promotores criminais de Santo
André, que o acusaram pelo crime de homicídio.
O empresário poderá reproduzir hoje o comportamento adotado em depoimento ao Ministério
Público: permanecer em silêncio
-situação prevista na legislação.
Desde a prisão de Gomes da Silva, há cerca de dez dias, seus advogados reclamam da dificuldade
que tiveram para ter acesso aos 40
volumes do processo. "Como
posso preparar a defesa se não
consigo ver o processo", disse o
advogado Roberto Podval na última quarta-feira, um dia antes de
conseguir a cópia integral da ação.
Segundo eles, os quatro dias que
puderam analisar os 40 volumes
do caso e preparar a defesa foram
um prazo muito curto.
Gomes da Silva, que está preso
em Juquitiba (Grande São Paulo),
será ouvido pelo juiz às 13h. O interrogatório é sigiloso e só poderá
ser acompanhado por advogados
e promotores.
Frente a frente com Gomes da
Silva, os promotores devem insistir nas contradições apresentadas
por ele após a morte do prefeito.
Daniel foi sequestrado na noite
de 18 de janeiro do ano passado,
quando voltava de um jantar com
Gomes da Silva em uma Pajero
blindada. Dois dias depois, o prefeito foi encontrado morto a tiros
e com sinais de tortura em uma
estrada de terra em Juquitiba.
A Promotoria deverá perguntar
a Gomes da Silva, que dirigia a Pajero, por que o carro parou e as
portas destravaram -a montadora informou que o carro não tinha problemas. Na contabilidade
dos promotores, o empresário
apresentou pelo menos quatro
versões para explicar o fato de a
Pajero ter parado: 1. o motor morreu; 2. o carro foi prensado por
outros veículos; 3. os sequestradores atiraram no pneu e 4. confuso e nervoso, não se recordava.
Antes de ser preso, Gomes da
Silva afirmou nunca ter alterado
seu depoimento. Disse que, ao
tentar fugir da perseguição, esbarrou no câmbio da Pajero, que alcançou um ponto cego. "Eu acelerava, e o carro não reagia."
Outro fato que instiga os promotores é uma ligação telefônica
feita à Polícia Militar no momento
do sequestro. Uma testemunha,
que mora em frente ao local do
crime, disse ter visto uma Pajero
abandonada e um único homem,
ao lado do carro, com um revólver na mão. Durante o diálogo,
dois disparos são ouvidos e gravados pela PM. O homem foi identificado pela testemunha como
sendo Gomes da Silva. O que não
se entende é por que houve os disparos se, teoricamente, Daniel já
teria sido levado pela quadrilha.
Questionado sobre os disparos
tardios, o empresário reafirmou
sua inocência no crime.
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