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INVESTIGAÇÃO
Promotoria encaminhará ao Supremo ação por crime de responsabilidade contra ministro dos Transportes
Processo contra Nascimento vai para o STF
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O Ministério Público do Amazonas vai encaminhar ao STF (Supremo Tribunal Federal) processo de crime de responsabilidade e
recomendação de indiciamento
contra o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PL).
Segundo o procurador-geral de
Justiça, Cristóvão de Albuquerque Alencar Filho, Nascimento
-por ser ministro- tem direito
a foro privilegiado, não cabendo
responder judicialmente a órgãos
da instância estadual.
O processo de crime de responsabilidade tramita no Tribunal de
Justiça do Amazonas desde 5 de
fevereiro deste ano. Alfredo Nascimento foi denunciado por não
ter listado entre seus bens, nas declarações enviadas ao Tribunal
Regional Eleitoral em 1996 (em
sua primeira eleição para prefeito
de Manaus) e em 2000 (reeleição),
a empresa Vulcanização Tarumã
Ltda., contrariando o decreto-lei
201/67, que estabelece a obrigatoriedade da declaração.
Entre as penalidades previstas
estão a perda do cargo, inabilitação no prazo de cinco anos para o
exercício de cargo ou função pública eletiva de nomeação.
De acordo com o Ministério Público, a empresa Vulcanização
Tarumã Ltda. já foi a principal
prestadora de serviços de recauchutagem de pneus para as sete
empresas de transporte coletivo
que mantêm contrato de concessão com a Prefeitura de Manaus
desde 1995.
A empresa pertence à mulher
do ex-prefeito, Francisca Leônia
do Nascimento, e ao irmão dela,
Francisco Rodrigues de Morais.
Até 2000, Francisca tinha 80% das
ações da empresa.
Segundo a promotora Jussara
Pordeus, a informação deveria
constar das declarações de bens
do então prefeito, já que ele e
Francisca são casados em comunhão de bens.
"Ele [Nascimento] não declarou
a empresa, mas em um programa
de rádio local disse que a empresa
era de sua propriedade", afirmou.
Em 3 de março, um dia antes de
Nascimento ter sido confirmado
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva como ministro dos
Transportes (no lugar de Anderson Adauto), o desembargador
Kid Mendes de Oliveira arquivou
o processo de crime de responsabilidade contra ele.
Em 1º de abril, a então procuradora-geral de Justiça, Socorro
Guedes, ingressou com uma reclamação no TJ contra o arquivamento do processo, alegando que
o arquivamento não foi submetido ao colegiado. Até novembro, a
reclamação não havia sido julgada pelo Tribunal.
"Não foi cumprido o rito processual [na decisão de arquivamento] e, como ele [Nascimento]
é ministro, o Ministério Público
promoverá o encaminhamento
de todo o processo ao STF", afirmou o procurador-geral Cristóvão Alencar Filho.
Já a recomendação de indiciamento contra Alfredo Nascimento partiu anteontem da Câmara
Municipal de Manaus.
Ele é acusado de envolvimento
em supostas irregularidades na
cobrança de tarifas do transporte
coletivo urbano no período em
que foi prefeito da capital amazonense (1997-2004).
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