São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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PAINEL

Feliz 2006
Depois do relatório de Osmar Serraglio (PMDB-PR), o "combustível de janeiro" da CPI dos Correios será o balanço das operações dos fundos de pensão com títulos públicos. Mais uma vez, o Prece, da Cedae (companhia de água do Rio), é o campeão de irregularidades.

Rede bancária
Os auditores da sub-relatoria de fundos de pensão também já estão próximos de concluir o balanço das operações com títulos privados, que mostram problemas concentrados em três bancos: Santos, BMG e Rural.

Amém
Depois da crucial decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que liberou a transferência dos sigilos da Prece, o deputado ACM Neto (PFL-BA) recebeu o seguinte e-mail de um eleitor: "Graças a Deus, o Supremo atendeu a nossa prece!".

Trio parada dura
O relatório parcial será base para o indiciamento, em janeiro, do que a cúpula da CPI chama de "Tríplice Coroa do Mensalão": Marcos Valério, Delúbio Soares e Henrique Pizzolato.

Delação premiada
A comissão espera que Pizzolato, o principal alvo do relatório, fale finalmente o que sabe sobre a montagem do valerioduto. "Depois de hoje, ou ele fala ou morre sozinho", diz o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).

Antídoto
Ao reafirmar o uso do termo mensalão e confirmar sua ocorrência, a CPI teve um objetivo deliberado: reforçar a pressão contra a pizza que os mensaleiros preparam na Câmara.

Em causa própria
Petistas e tucanos próximos ao prefeito de São Paulo fizeram a mesma leitura do elogio de José Dirceu à "independência" de José Serra: o ex-deputado tenta se aproximar do PSDB de olho no projeto de sua anistia.

Só pensam naquilo
Depois de três dias às moscas, o Congresso estava lotado ontem. Mas o quórum alto nada teve a ver com a convocação: com o anúncio da última liberação de recursos do ano, cada parlamentar procurou garantir o atendimento de suas emendas, com romaria aos ministérios.

Capítulo final
Em solenidade de dez minutos, chegou ao fim ontem a novela da cassação de Ronivon Santiago (PP-AC). O ministro Carlos Velloso, do TSE, mandou cumprir decisão que a Câmara vinha protelando, e Chicão Brígido (PMDB) foi empossado.

Volta à guerrilha
Fernando Gabeira (PV-RJ) diz que vai denunciar em plenário todos os rumores de manobras para salvar mensaleiros. "Temos de apelar para o instinto de sobrevivência dos deputados. Senão, vão absolver todos."

Outro lado
O deputado Professor Luizinho (PT-SP) nega que queira "pegar carona" na absolvição de Romeu Queiroz (PTB-MG). "Só espero que o Conselho de Ética analise caso a caso. Não há nada que me comprometa."

Em dia
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), aprovou a aposentadoria de Augusto Nardes (PP-RS), a partir de 20 de setembro, quando o ex-deputado tomou posse como ministro do Tribunal de Contas da União.

Visita à Folha
Josué Gomes da Silva, presidente do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Walter Fontana Filho, vice-presidente do Iedi e presidente do Conselho de Administração da Sadia S.A., e de Julio Sergio Gomes de Almeida, diretor executivo do Iedi.

TIROTEIO

Do deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), sobre o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, ter dito que o governador Geraldo Alckmin deveria saber que a filha trabalhava em uma loja acusada de evasão de divisas:
-Pelo jeito, o PT não aprendeu nada com a crise e continua escalando seus tesoureiros para fazer o trabalho sujo.

CONTRAPONTO

Simples assim

Em 1987, o deputado Eduardo Campos (PSB), então chefe-de-gabinete do governador Miguel Arraes, em Pernambuco, comandava uma reunião sobre Orçamento na cidade de Custódia, no interior do Estado.
Estava presente ao encontro Cícero Simões, prefeito de Calumbi e convicto comunista, de discurso inflamado. Ele interrompeu a discussão para propor uma questão de ordem:
-Me causa estranheza que numa reunião com tantas lideranças de esquerda ninguém fale em votar uma moção pela imediata libertação do companheiro Nelson Mandela.
Surgiu um debate sobre a situação do líder sul-africano, até que um sindicalista conhecido como Trovão pediu a palavra:
-O governador não é o companheiro Miguel Arraes? Que moção coisa nenhuma! Por que ele não dá uma ordem para soltar esse pobre desse Mandela?


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