São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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ESCÂNDALIO DO MENSALÃO/HORA DAS CONCLUSÕES

Relatório preliminar aponta quatro padrões de repasses de recursos para parlamentares

CPI indica origem pública e privada para o "mensalão"

Lula Marques/Folha Imagem
O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), expõe o balanço preliminar da comissão, que aponta para o "mensalão'


Mais de seis meses depois de iniciada a investigação, balanço preliminar divulgado ontem pela CPI dos Correios concluiu pela existência de quatro padrões de "mensalão" -repasses de recursos a integrantes da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso.
O relatório, de mais de 400 páginas, apontou ainda indícios de que recursos públicos e privados foram usados para alimentar o esquema montado pelo PT e pelo publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza.
O documento -dividido em 58 páginas de conclusões e 353 de anexos- incluiu auditoria do próprio Banco do Brasil, que constatou a ausência de comprovantes que explicassem o destino de R$ 23,2 milhões repassados pelo fundo Visanet para a DNA Propaganda, de Valério, por orientação do BB.
Divulgado pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o relatório incluiu empresas privadas, como o Grupo Opportunity e a Usiminas, como possíveis fontes do mensalão. "Lamentavelmente, reconheço que temos um sistema de corrupção de parlamentares", disse o relator.
A sistemática do "mensalão" foi objeto de um balanço específico. Os quatro "padrões" apontados são: repasse de recursos semanais ao PL; uso de recursos para supostamente arregimentar deputados para PTB e PP; coincidência de saques de parlamentares com votações importantes no Congresso; e, finalmente, uso da corretora Bônus-Banval como intermediária de verbas para o PP.
Os integrantes do PT na comissão de inquérito pediram cautela na análise dos dados e disseram que eles, por si só, não provam o suborno de deputados em troca de apoio no Congresso. O PT acusou ainda o relatório de ser parcial, por não ter dado espaço maior ao esquema semelhante usado pelo PSDB de Minas Gerais na campanha eleitoral de 1998. Em nota à imprensa, Marcos Valério voltou a afirmar que a única fonte do esquema do caixa dois petista foram os seis empréstimos contraídos por suas empresas.
O escândalo do "mensalão" eclodiu com as entrevistas do ex-deputado Roberto Jefferson à Folha, em 6 e 12 de junho. A maior crise do governo Lula já provocou a queda da direção do PT e a cassação do ex-poderoso ministro José Dirceu, além do desgaste político do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, entre outros. Dezenove deputados foram acusados de participar do esquema. Até agora, dois foram cassados, quatro renunciaram e dois foram inocentados pela Câmara.


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