São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CONCLUSÕES

Banco diz que serviços podem ter sido prestados por empresa de Valério, apesar da falta de documentos que comprovem sua execução

Desvio ainda não está comprovado, diz BB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil informou ontem que não pode afirmar, por ora, que houve desvio de R$ 23,2 milhões destinados à publicidade dos cartões de bandeira Visa, embora a auditoria interna no banco não tenha achado notas fiscais que comprovassem os gastos dessa parcela dos recursos transferidos à DNA Propaganda. De acordo com a assessoria de imprensa, os serviços podem ter sido prestados apesar da falta de documentos que comprovem isso.
No mês passado, o Banco do Brasil havia informado que, dos R$ 73,8 milhões transferidos à agência de publicidade de Marcos Valério Fernandes de Souza entre maio de 2003 e junho de 2004, R$ 9 milhões ainda estavam pendentes de prestação de contas. A assessoria do banco não soube explicar a divergência entre a informação anterior e o resultado da auditoria interna.
O BB optou por não se manifestar sobre a conclusão do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) de que a agência de Valério teria desviado R$ 19,7 milhões repassados pelo banco para financiar o caixa dois do PT. De acordo com a assessoria, o banco não tem condições de saber o destino do dinheiro depois dos repasses à DNA.
Mário de Oliveira Filho, advogado do ex-diretor de Marketing do BB, Henrique Pizzolato, critica a atuação de Serraglio, que teria "extrapolado" suas funções, tem se aproveitado da exposição na mídia e execrado publicamente Pizzolato, sem que este tenha acesso às provas.
"Essa CPI é um espetáculo televisivo e o deputado Osmar Serraglio está se aproveitando bem dele. Ele está se transformando em acusador, julgador e executor da pena. Ele está execrando publicamente uma pessoa, fazendo um juízo de valor que ele não pode fazer e não tem autonomia para fazê-lo. Para isso existe o poder Judiciário, que nem sequer foi convocado ainda. Quem dirá se ele é culpado ou inocente será a Justiça e não o deputado Serraglio."
A assessoria de imprensa da Amazônia Celular e da Telemig Celular enviou a seguinte nota: "A Amazônia Celular e a Telemig Celular só irão se posicionar após tomar conhecimento integral do relatório da CPMI dos Correios e afirmam que não receberam nenhum ofício da CPMI referente a pagamento de publicidade das empresas de Marcos Valério".
A assessoria de imprensa dos Correios afirmou que a CPI cometeu um "equívoco" ao afirmar que o então diretor de Marketing dos Correios, José Otaviano Pereira, autorizou Valério a usar o contrato de publicidade mantido com a empresa SMPB como garantia de um empréstimo bancário cujos recursos foram utilizados no esquema do "mensalão".
Segundo a assessoria, a resposta de Pereira, citada no relatório, com os termos "ciente" e "de acordo", está relacionada a outro assunto. A SMPB teria indagado se poderia ou não trocar sua conta bancária para o recebimento dos recursos relativos ao contrato de publicidade dos Correios. A SMPB queria que o dinheiro caísse em sua conta no Banco Rural. A assessoria informou que Pereira e os Correios não sabiam do empréstimo que teve como garantia o contrato publicitário.
A assessoria dos Correios informou que não tinha mecanismos para saber se o balanço contábil da SMPB de 2002 foi ou não adulterado para que ela pudesse participar da concorrência em 2003.
A assessoria de imprensa da empresa de aviação Skymaster informou que os supostos prejuízos apontados no relatório são inverídicos. Segundo a assessoria, a CPI está se baseando em estudos anteriores, feitos pelo Tribunal de Contas da União, formulados "em princípios errados e cálculos equivocados", que serão discutidos judicialmente.
A Usiminas e a Brasil Telecom não quiseram fazer comentários sobre o relatório.


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