São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

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Para Cassol, adversário articulou denúncia à PF

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

Após ter seu recém-expedido diploma eleitoral contestado pelo Ministério Público por suposta compra de votos, o governador reeleito de Rondônia, Ivo Cassol (PPS), afirmou à Folha que as denúncia são conseqüência de uma devassa fiscal feita por seu governo em uma empresa do segundo colocado à corrida para o Senado no Estado, Acir Gurgacz (PDT-RO).
"Descobrimos que eles [Eucatur, empresa de transportes da família Gurgacz] declaram só R$ 1,8 milhão por mês, quando na verdade [movimentam] mais de R$ 10 milhões por mês. Ninguém comprou votos aqui", disse. "Eles têm uma campanha cerrada no jornal deles ["Diário da Amazônia"] e na televisão deles [afiliada da RedeTV!] contra minha administração."
Para ele, Gurgacz teria pago R$ 5.000 para funcionários da Rocha Segurança e Vigilância (do irmão do senador eleito, Expedito Júnior) irem à Polícia Federal confirmar o esquema.
Na semana passada, um vigilante que tentou confirmar a versão de Cassol foi preso por agentes da Polícia Federal por falso testemunho, depois que sua mulher o desmentiu. "Coagiram ela", disse o governador.
De acordo com as denúncias, cerca de 950 funcionários receberam R$ 100 para votar no governador, no senador e em outros dois candidatos a deputado. A reportagem ligou para quatro deles, que confirmaram terem recebido o pagamento.
Cassol também refutou sua ligação com Carlos dos Reis Batista (Prona), candidato derrotado à deputado estadual e suspeito de ter sua conta eleitoral usada para legalizar o dinheiro da suposta irregularidade.
Ainda assim, ele confirmou que Batista esteve lotado na Casa Militar do governo. "É o secretário que nomeia. E ele [Batista] já está afastado."
Contatado pela reportagem ontem, Acir Gurgacz disse que denunciou de fato a suposta compra de votos, mas só após a PF iniciar as investigações.
O empresário nega ter pago R$ 5.000 para os vigilantes confirmarem a denúncia à PF.
Segundo ele, a devassa fiscal sofrida por sua empresa é uma "perseguição". "Já houve duas fiscalizações no ano passado e nada foi encontrado", afirmou.
Com mais de mil ônibus em todo o país, a empresa é líder de mercado em Rondônia. Segundo Gurgacz, a devassa ocorreu depois de sua denúncia à Justiça Eleitoral. Ele se diz interessado na cassação do diploma do senador eleito Expedito Júnior (PPS), por ter sido segundo colocado na disputa. "Me senti lesado e fui buscar reparação."


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