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Governo vai rever Lei do Esporte para evitar choque com Cultura
Projeto aprovado anteontem pela Câmara retira emendas
feitas pelo Senado e fere acordo firmado entre as pastas
Modificações apresentadas pelos senadores buscavam evitar concorrência com a
Lei Rouanet, mas foram derrubadas pelos deputados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os ministros Gilberto Gil
(Cultura) e Orlando Silva (Esportes) vão buscar, provavelmente por meio de uma medida provisória, rever os termos
da Lei de Incentivo ao Esporte,
aprovada pela Câmara dos Deputados, em votação simbólica
na madrugada de anteontem.
O projeto aprovado permite a
empresas deduzirem até 4% do
que pagam ao Imposto de Renda para investir em patrocínio
ou fazer doações a projetos esportivos ou paraesportivos.
No entanto, o texto aprovado
pelos deputados desconsiderou
mudanças negociadas quando
o projeto passou pela apreciação do Senado Federal. As modificações apresentadas pelos
senadores buscavam evitar
concorrência com a Lei Rouanet, que prevê incentivos para
projetos de cultura.
Em nota oficial, o MinC (Ministério da Cultura) afirmou
que "as modificações configuram a quebra de um acordo firmado na semana passada entre
artistas e esportistas, o MinC, o
Ministério dos Esportes, o Ministério da Fazenda e a Casa Civil, referendado no Senado
Federal".
Ainda na nota, o MinC sugeriu vetos às mudanças e a "edição de uma medida provisória
para restabelecer os termos anteriormente pactuados".
Veto presidencial
Procurado pela Folha, o
MinC informou que o ministro
Gilberto Gil tratou do assunto
com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, na reunião que os
dois tiveram hoje pela manhã.
O conteúdo da conversa, segundo o MinC, está na nota oficial, motivo pelo qual o ministro não comentaria nada mais
sobre o assunto.
A informação de que Gil pedira o veto presidencial ao artigo que superpõe os incentivos
fiscais para cultura e esporte
foi repassada aos artistas que
se mobilizaram ontem no Rio
de Janeiro contra a decisão
da Câmara.
O resultado da votação na
Câmara pegou o MinC inteiramente de surpresa e sem subsídios para entender a reviravolta. Embora tenha procurado
reagir rapidamente -na reunião com o presidente- e mobilizado as assessorias mais
próximas do ministro, dentro
do MinC não havia até o fechamento desta edição uma avaliação consensual sobre as razões que determinaram a "quebra do acordo".
Diálogo
Em entrevista à imprensa, o
ministro Orlando Silva defendeu a rápida sanção presidencial para a Lei de Incentivo ao
Esporte, a fim de que em 2007,
ano do Pan-Americano no Brasil, o setor já possa se beneficiar
da legislação.
Silva disse ainda que irá buscar o diálogo com o segmentos
da Cultura, a fim de restabelecer o consenso antes firmado e
que acabou desfeito pelo texto
aprovado na Câmara.
Conforme a Folha apurou,
Silva e Gil deveriam se falar
ainda na noite de ontem para
tratar do assunto, antecipando-se a eventuais movimentos
públicos da área cultural.
Também em entrevista à imprensa, o presidente Lula disse
ontem que só falaria sobre o assunto -o que pressupõe a discussão de eventuais vetos à nova lei- depois que recebesse o
texto votado pelos deputados.
(ANDRÉA MICHAEL, LUCIANA CONSTANTINO E SILVANA ARANTES)
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