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No Rio, artistas se reúnem para pressionar Lula
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Artistas e produtores culturais se reuniram ontem à tarde
num teatro da zona sul carioca,
para protestar contra a aprovação da Lei do Esporte, anteontem, na Câmara, sem a emenda
que eliminava a disputa pelos
incentivos com a cultura -beneficiada pela Lei Rouanet.
"Foi uma surpresa acordar e
saber que o que havíamos firmado não passou na Câmara",
disse a atriz Marieta Severo.
Os artistas fizeram contato
por telefone com políticos, para
tentar pressionar o presidente
Lula a vetar o artigo da lei que
superpõe os incentivos entre
cultura e esporte e editar como
medida provisória o texto acordado no Senado.
A senadora Ideli Salvatti
(SC), líder do PT na casa, afirmou ao grupo que o presidente
estava disposto a atender o pedido da cultura.
"O presidente não pode passar para a história como o que
ficou contra a cultura e o esporte. Espero que esta situação se
resolva", disse o ator Ney Latorraca. O cineasta Domingos
de Oliveira, o ator Marcelo Serrado e a coreógrafa Deborah
Colker estavam na reunião.
Profissionais de cinema também estão mobilizados em
pressionar pelo veto presidencial. O produtor Luiz Carlos
Barreto levanta a hipótese de
que o rechaço da Câmara dos
Deputados à emenda tenha tido "um conteúdo de confronto
com o Senado".
Para Barreto, a votação na
Câmara "caiu num dia mau, em
que os deputados estavam sob
fogo cruzado da opinião pública a respeito daquele autêntico
mensalão [o aumento de 91%
em seus próprios salários]".
O produtor cita que também
foi decisiva a ação "de deputados ligados à política sindical,
que entenderam que subtrair
uma fatia do programa de alimentação do trabalhador [em
benefício do esporte] não era
aceitável e terminaram sensibilizando outras correntes".
O presidente do Sicesp (Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo),
André Sturm, classifica como
"uma traição" a retirada da
emenda pelos deputados.
"[O resultado da votação na
Câmara] É duplamente ruim,
pelo problema em si de colocar
esporte e cultura disputando os
mesmos incentivos e porque
um grande acordo fechado no
Congresso brasileiro foi traído
na calada da noite", afirma.
O cineasta Paulo Thiago, presidente do Sicav (Sindicato da
Indústria Cinematográfica e
Audiovisual), com sede no Rio
de Janeiro, disse aguardar que
o acordo seja restaurado [pelo
veto presidencial], "porque deve existir uma lógica de política
de governo, ou senão é o samba
do crioulo doido".
(SÉRGIO RANGEL E SILVANA ARANTES)
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