São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

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No Rio, artistas se reúnem para pressionar Lula

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Artistas e produtores culturais se reuniram ontem à tarde num teatro da zona sul carioca, para protestar contra a aprovação da Lei do Esporte, anteontem, na Câmara, sem a emenda que eliminava a disputa pelos incentivos com a cultura -beneficiada pela Lei Rouanet.
"Foi uma surpresa acordar e saber que o que havíamos firmado não passou na Câmara", disse a atriz Marieta Severo.
Os artistas fizeram contato por telefone com políticos, para tentar pressionar o presidente Lula a vetar o artigo da lei que superpõe os incentivos entre cultura e esporte e editar como medida provisória o texto acordado no Senado.
A senadora Ideli Salvatti (SC), líder do PT na casa, afirmou ao grupo que o presidente estava disposto a atender o pedido da cultura.
"O presidente não pode passar para a história como o que ficou contra a cultura e o esporte. Espero que esta situação se resolva", disse o ator Ney Latorraca. O cineasta Domingos de Oliveira, o ator Marcelo Serrado e a coreógrafa Deborah Colker estavam na reunião.
Profissionais de cinema também estão mobilizados em pressionar pelo veto presidencial. O produtor Luiz Carlos Barreto levanta a hipótese de que o rechaço da Câmara dos Deputados à emenda tenha tido "um conteúdo de confronto com o Senado".
Para Barreto, a votação na Câmara "caiu num dia mau, em que os deputados estavam sob fogo cruzado da opinião pública a respeito daquele autêntico mensalão [o aumento de 91% em seus próprios salários]".
O produtor cita que também foi decisiva a ação "de deputados ligados à política sindical, que entenderam que subtrair uma fatia do programa de alimentação do trabalhador [em benefício do esporte] não era aceitável e terminaram sensibilizando outras correntes".
O presidente do Sicesp (Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo), André Sturm, classifica como "uma traição" a retirada da emenda pelos deputados.
"[O resultado da votação na Câmara] É duplamente ruim, pelo problema em si de colocar esporte e cultura disputando os mesmos incentivos e porque um grande acordo fechado no Congresso brasileiro foi traído na calada da noite", afirma.
O cineasta Paulo Thiago, presidente do Sicav (Sindicato da Indústria Cinematográfica e Audiovisual), com sede no Rio de Janeiro, disse aguardar que o acordo seja restaurado [pelo veto presidencial], "porque deve existir uma lógica de política de governo, ou senão é o samba do crioulo doido". (SÉRGIO RANGEL E SILVANA ARANTES)

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