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"Arquivo do Terror", da era Stroessner, está na internet
Documentos sobre 35 anos de ditadura de general paraguaio são divulgados
Site coloca à disposição 60 mil fichas e 246 versões digitais dos papéis, inclusive sobre Operação Condor; maior parte é em espanhol
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Parte importante do "Arquivo do Terror", os 320 mil documentos, fotos e registros recolhidos ao longo dos 35 anos da
ditadura do general paraguaio
Alfredo Stroessner, acabam de
ser colocados à disposição dos
usuários da internet. São 60 mil
fichas de pessoas e 246 versões
digitais dos papéis mais requisitados do conjunto, os últimos
com enfoque na chamada
"Operação Condor".
Esses textos trazem novos
detalhes, segundo os organizadores do arquivo, da atuação
dessa coordenação entre serviços de inteligência das ditaduras sul-americanas nos anos 70
e 80 para perseguir supostos
opositores. Os documentos são
em espanhol, a maioria, mas há
alguns em português, como telegramas de adidos militares
brasileiros em Assunção.
Há um documento que traria
a primeira prova de que o desaparecimento de dois argentinos no Rio de Janeiro no começo de 1980 foi obra das forças de
segurança da Argentina. São o
ítalo-argentino Horacio Campiglia e sua irmã, Elcira, que desapareceram depois de levados
a prisões em Buenos Aires.
"É o maior site em língua espanhola com registros militares e de polícia secreta sobre
abusos que tiveram lugar durante o regime militar no Paraguai e em outros lugares do Cone Sul", diz o texto de apresentação, referindo-se ao bloco
formado ainda por Brasil, Argentina, Bolívia, Chile e Uruguai. O site entrou no ar ontem.
A iniciativa é resultado de um
acordo entre o Arquivo de Segurança Nacional, um dos centros de documentação histórica
mais importantes e ativos dos
EUA, o Centro de Documentação e Arquivo para a Defesa dos
Direitos Humanos (CDyA, na
sigla em espanhol) da Suprema
Corte do Paraguai e a Universidade Católica de Assunção.
O projeto começou em 2002
e estava previsto para ser entregue nesse ano, quando se
completam 15 anos da descoberta do "Arquivo do Terror". O
site tem registros da ditadura
de Alfredo Stroessner, que durou de 1954 a 1989, e de ações
realizadas antes, já nas décadas
de 30 e 40, no Paraguai.
"Esses documentos fornecem uma chave-mestra histórica para as câmaras de horrores
dos regimes militares do Cone
Sul", disse Carlos Osorio, diretor do projeto. Para ele, atrocidades do passado são relevantes para o debate sobre a conduta das operações antiterrorismo de hoje e do futuro.
O texto de apresentação sugere comparações entre o período e ações controversas do
governo Bush. Os sites são
www.gwu.edu/0nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB239d/index.htm (em inglês) e
www.nsarchive.org/CDyA (em espanhol).
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