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PSDB aposta em eleição para conter crise
Tucanos estudam criar conselho político liderado por FHC, e nome de Sérgio Guerra já é bem aceito para presidir a sigla
Desentendimentos internos na disputa da Câmara fragilizaram partido e apontaram necessidade de articulação única
MALU DELGADO
EDITORA-ASSISTENTE DE BRASIL
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
A sucessão à presidência da
Câmara não só tornou públicos
os desencontros no PSDB como alertou as principais lideranças da legenda sobre o risco de articulações políticas fragmentadas, sem um comando
nacional, minarem as pretensões para 2010.
Temendo a repetição dos erros de 2002 e 2004, quando o
partido entrou dividido na disputa presidencial e assistiu às
duas vitórias de Luiz Inácio Lula da Silva, a Executiva Nacional do PSDB reúne-se na quinta-feira e começa a discutir a
antecipação da convenção nacional da legenda.
Os tucanos, que só tratariam
da nova presidência do PSDB
no segundo semestre, possivelmente em setembro, já ensaiam trazer o debate para março ou abril. A Folha apurou que
a intenção dos dirigentes é colocar na presidência um nome
aceito pelos governadores José
Serra (SP) e Aécio Neves (MG)
e também pelo ex-governador
Geraldo Alckmin.
Reservadamente, dirigentes
do PSDB afirmam que o senador Sérgio Guerra (PE), que foi
o coordenador da campanha de
Alckmin à presidência, "tem
boas condições na disputa".
Outra intenção dos tucanos é
criar um conselho político,
orientado pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
O tema é tratado com cautela
para não melindrar o atual presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE). Na última crise do
partido, ele estava no exterior.
A avaliação no partido é que
Jereissati está desgastado. Procurado pela Folha, assessoria
do senador informou que ele
permanece no exterior.
Em entrevista à revista
"Época", Fernando Henrique
disse que o PSDB "pode reivindicar ter a cara do Serra" e
aponta Alckmin como "o melhor nome" do partido para o
governo paulista [em 2010].
Fruet
A adesão do PSDB à candidatura do tucano Gustavo Fruet
(PR) para a presidência da Câmara foi interpretada no partido como a "tábua de salvação",
depois que conchavos políticos
regionais que interessavam a
Aécio e Serra quase levaram os
tucanos a oficializar o apoio a
Arlindo Chinaglia (PT-SP).
O apoio a Chinaglia havia sido anunciado pelo atual líder,
Jutahy Júnior (BA), fiel aliado
de Serra. "A política é dinâmica.
O Fruet, se tivesse se lançado
há 15 dias, seria um grande problema para o PSDB, porque ia
ser visto como candidatura
partidária. Hoje, ele é a grande
solução", admite Jutahy.
O desencontro foi tão grande
que Sérgio Guerra desembarcou às pressas em São Paulo na
terça-feira passada com a missão diplomática de aparar arestas entre Alckmin e Serra.
"Todas lideranças hoje têm
consciência de que somos fortes e estamos na parada se tivermos unidade. Se já começarmos com rachas no PSDB, certamente poderemos perder o
momento histórico [em 2010]",
afirmou Antonio Carlos Pannunzio (SP), que assumirá a liderança do partido na Câmara.
Segundo o deputado Sílvio
Torres (SP), um dos mais próximos de Alckmin, o PSDB percebeu que precisa de cautela. "Se
falta comando, um acidente de
percurso quase nos leva para o
buraco", diagnosticou.
Alckmin
Alckmin manifesta a interlocutores o interesse em assumir
a presidência do PSDB e em
disputar a Prefeitura de São
Paulo em 2008. Para isso, precisa manter o partido na oposição, sem qualquer vínculo com
o PT, que será seu principal adversário na eleição paulistana.
Já Serra e Aécio se mostraram dispostos a diálogos pontuais com Lula, já que dependem do governo federal para
atuar nos Estados.
O deputado Silvio Torres defende Alckmin na presidência
do partido. O ex-governador
embarca nesta semana para os
EUA, onde deverá permanecer
até meados do ano. "Ele é hoje o
único capaz de promover a integração do partido, que teve
40 milhões de votos na última
eleição e tem o dever de permanecer na oposição", diz Torres.
Os governadores Serra e Aécio, procurados pela Folha,
preferiram não se manifestar
sobre os futuros embates na legenda, incluindo a sucessão na
presidência. Serra tem dito que
terá uma relação institucional
com o PT e com Lula. A interlocutores, insiste que o PSDB
precisa ser oposição convicta e
demonstrar suas opiniões claramente. Fruet concorda. "Não
se faz política sem posição."
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