São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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PSDB aposta em eleição para conter crise

Tucanos estudam criar conselho político liderado por FHC, e nome de Sérgio Guerra já é bem aceito para presidir a sigla

Desentendimentos internos na disputa da Câmara fragilizaram partido e apontaram necessidade de articulação única

MALU DELGADO
EDITORA-ASSISTENTE DE BRASIL
JOSÉ ALBERTO BOMBIG

DA REPORTAGEM LOCAL

A sucessão à presidência da Câmara não só tornou públicos os desencontros no PSDB como alertou as principais lideranças da legenda sobre o risco de articulações políticas fragmentadas, sem um comando nacional, minarem as pretensões para 2010.
Temendo a repetição dos erros de 2002 e 2004, quando o partido entrou dividido na disputa presidencial e assistiu às duas vitórias de Luiz Inácio Lula da Silva, a Executiva Nacional do PSDB reúne-se na quinta-feira e começa a discutir a antecipação da convenção nacional da legenda.
Os tucanos, que só tratariam da nova presidência do PSDB no segundo semestre, possivelmente em setembro, já ensaiam trazer o debate para março ou abril. A Folha apurou que a intenção dos dirigentes é colocar na presidência um nome aceito pelos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) e também pelo ex-governador Geraldo Alckmin.
Reservadamente, dirigentes do PSDB afirmam que o senador Sérgio Guerra (PE), que foi o coordenador da campanha de Alckmin à presidência, "tem boas condições na disputa".
Outra intenção dos tucanos é criar um conselho político, orientado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O tema é tratado com cautela para não melindrar o atual presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE). Na última crise do partido, ele estava no exterior. A avaliação no partido é que Jereissati está desgastado. Procurado pela Folha, assessoria do senador informou que ele permanece no exterior.
Em entrevista à revista "Época", Fernando Henrique disse que o PSDB "pode reivindicar ter a cara do Serra" e aponta Alckmin como "o melhor nome" do partido para o governo paulista [em 2010].

Fruet
A adesão do PSDB à candidatura do tucano Gustavo Fruet (PR) para a presidência da Câmara foi interpretada no partido como a "tábua de salvação", depois que conchavos políticos regionais que interessavam a Aécio e Serra quase levaram os tucanos a oficializar o apoio a Arlindo Chinaglia (PT-SP).
O apoio a Chinaglia havia sido anunciado pelo atual líder, Jutahy Júnior (BA), fiel aliado de Serra. "A política é dinâmica. O Fruet, se tivesse se lançado há 15 dias, seria um grande problema para o PSDB, porque ia ser visto como candidatura partidária. Hoje, ele é a grande solução", admite Jutahy.
O desencontro foi tão grande que Sérgio Guerra desembarcou às pressas em São Paulo na terça-feira passada com a missão diplomática de aparar arestas entre Alckmin e Serra.
"Todas lideranças hoje têm consciência de que somos fortes e estamos na parada se tivermos unidade. Se já começarmos com rachas no PSDB, certamente poderemos perder o momento histórico [em 2010]", afirmou Antonio Carlos Pannunzio (SP), que assumirá a liderança do partido na Câmara.
Segundo o deputado Sílvio Torres (SP), um dos mais próximos de Alckmin, o PSDB percebeu que precisa de cautela. "Se falta comando, um acidente de percurso quase nos leva para o buraco", diagnosticou.

Alckmin
Alckmin manifesta a interlocutores o interesse em assumir a presidência do PSDB e em disputar a Prefeitura de São Paulo em 2008. Para isso, precisa manter o partido na oposição, sem qualquer vínculo com o PT, que será seu principal adversário na eleição paulistana.
Já Serra e Aécio se mostraram dispostos a diálogos pontuais com Lula, já que dependem do governo federal para atuar nos Estados.
O deputado Silvio Torres defende Alckmin na presidência do partido. O ex-governador embarca nesta semana para os EUA, onde deverá permanecer até meados do ano. "Ele é hoje o único capaz de promover a integração do partido, que teve 40 milhões de votos na última eleição e tem o dever de permanecer na oposição", diz Torres.
Os governadores Serra e Aécio, procurados pela Folha, preferiram não se manifestar sobre os futuros embates na legenda, incluindo a sucessão na presidência. Serra tem dito que terá uma relação institucional com o PT e com Lula. A interlocutores, insiste que o PSDB precisa ser oposição convicta e demonstrar suas opiniões claramente. Fruet concorda. "Não se faz política sem posição."


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