|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Engenheiro que acusou deputado é
morto no MA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
O engenheiro e professor
maranhense José Henrique de
Carvalho Paiva, 54, foi encontrado morto no último final de
semana numa estrada de terra
da região de Imperatriz (MA).
Em junho do ano passado,
Paiva denunciou a existência
de um suposto esquema de desvio de dinheiro público no Maranhão envolvendo o deputado
Sebastião Madeira (PSDB).
Paiva chegou a pedir ao então
deputado Francisco Escórcio
(PMDB-MA), a quem fez a acusação, proteção policial. O corpo do engenheiro foi encontrado no sábado com 16 facadas e
marcas de pauladas na cabeça.
Sua caminhonete e seu celular
foram levados, mas a carteira
com cartões de crédito e talões
de cheque continuava com ele.
A Secretaria de Segurança
Cidadã do Maranhão informou
que a hipótese de latrocínio
(roubo seguido de morte) foi
descartada. Para a Polícia Civil,
o assassinato foi premeditado.
Quando foi ouvido na Comissão de Fiscalização e Controle,
Paiva acusou Madeira de direcionar emendas na área de saneamento básico para quatro
empresas: Construtora Nordeste, Construtora Portobelo,
Construtora Redenção e RV
Alencar Construções. Todas
pertencem à família Alencar,
de Imperatriz, base eleitoral do
deputado. Segundo o engenheiro, Madeira apresentava emendas de valor baixo para que as
concorrências não fossem submetidas a licitações públicas.
Assim, os prefeitos poderiam
convocar as empresas do esquema por cartas-convite.
Ex-inspetor do Crea (Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia), Paiva procurou Escórcio, que, para
formalizar as acusações, levou
o engenheiro à Câmara.
Na ocasião, ele prenunciou
que poderia ser morto.
Escórcio chegou a solicitar
pessoalmente ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça)
que acionasse a Polícia Federal.
A PF informou que ofereceu
ao engenheiro incluí-lo no Programa de Proteção a Testemunhas, mas ele recusou porque
não aceitava condições como
ter de mudar de Estado.
O engenheiro era casado e tinha três filhos. Ele foi enterrado ontem, em Caxias (MA).
Outro lado
Madeira negou ter direcionado emendas para beneficiar as
empresas da família Alencar. O
deputado afirmou que muitas
das concorrências ganhas pelas
empresas se deram a partir de
emendas de sua autoria -mas
que nada tinha a ver com a escolha. "Quem escolhe os concorrentes é o prefeito", disse.
Madeira afirmou que, quando surgiram as denúncias, decidiu interpelar Paiva na Justiça.
Ele lamentou o assassinato.
A Folha entrou em contato
com uma das empresas da família Alencar, mas ninguém
comentou o caso.
(LEONARDO SOUZA E SÍLVIA FREIRE)
Texto Anterior: Negócios voltam a ser prioridade no Fórum Econômico Próximo Texto: Mídia: Condenado por difamação, dono de jornal é preso no RS Índice
|