São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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Engenheiro que acusou deputado é morto no MA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA

O engenheiro e professor maranhense José Henrique de Carvalho Paiva, 54, foi encontrado morto no último final de semana numa estrada de terra da região de Imperatriz (MA).
Em junho do ano passado, Paiva denunciou a existência de um suposto esquema de desvio de dinheiro público no Maranhão envolvendo o deputado Sebastião Madeira (PSDB).
Paiva chegou a pedir ao então deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA), a quem fez a acusação, proteção policial. O corpo do engenheiro foi encontrado no sábado com 16 facadas e marcas de pauladas na cabeça. Sua caminhonete e seu celular foram levados, mas a carteira com cartões de crédito e talões de cheque continuava com ele.
A Secretaria de Segurança Cidadã do Maranhão informou que a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) foi descartada. Para a Polícia Civil, o assassinato foi premeditado.
Quando foi ouvido na Comissão de Fiscalização e Controle, Paiva acusou Madeira de direcionar emendas na área de saneamento básico para quatro empresas: Construtora Nordeste, Construtora Portobelo, Construtora Redenção e RV Alencar Construções. Todas pertencem à família Alencar, de Imperatriz, base eleitoral do deputado. Segundo o engenheiro, Madeira apresentava emendas de valor baixo para que as concorrências não fossem submetidas a licitações públicas. Assim, os prefeitos poderiam convocar as empresas do esquema por cartas-convite.
Ex-inspetor do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Paiva procurou Escórcio, que, para formalizar as acusações, levou o engenheiro à Câmara.
Na ocasião, ele prenunciou que poderia ser morto.
Escórcio chegou a solicitar pessoalmente ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) que acionasse a Polícia Federal.
A PF informou que ofereceu ao engenheiro incluí-lo no Programa de Proteção a Testemunhas, mas ele recusou porque não aceitava condições como ter de mudar de Estado.
O engenheiro era casado e tinha três filhos. Ele foi enterrado ontem, em Caxias (MA).

Outro lado
Madeira negou ter direcionado emendas para beneficiar as empresas da família Alencar. O deputado afirmou que muitas das concorrências ganhas pelas empresas se deram a partir de emendas de sua autoria -mas que nada tinha a ver com a escolha. "Quem escolhe os concorrentes é o prefeito", disse.
Madeira afirmou que, quando surgiram as denúncias, decidiu interpelar Paiva na Justiça. Ele lamentou o assassinato.
A Folha entrou em contato com uma das empresas da família Alencar, mas ninguém comentou o caso.
(LEONARDO SOUZA E SÍLVIA FREIRE)


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