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Lula diz que reforma pode sair só depois de 11 de março
Presidente afirma a dirigentes partidários que quer esperar convenção do PMDB
Petista conta com Jobim na direção da sigla para ajudar na montagem do xadrez; principal entrave são nomes para a Saúde e Cidades
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversas ontem com dirigentes do PSB e do PC do B, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva indicou que pode fechar
os nomes da reforma ministerial somente após a convenção
nacional do PMDB, em 11 de
março. Lula quer ganhar tempo
para superar alguns conflitos,
principalmente os que envolvem seu partido e o PMDB.
Lula disse à cúpula do PSB
que gostaria de concluir as negociações com o PMDB diretamente com o novo presidente
da sigla. Disputam o cargo o
atual presidente, deputado Michel Temer (SP), e o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim.
Há possibilidade de a reforma ser anunciada antes da convenção do PMDB desde que o
presidente chegue a um acordo
para indicar o peemedebista
José Gomes Temporão para o
Ministério da Saúde e defina o
destino de Marta Suplicy no governo, que pode realmente ser
o Ministério das Cidades.
Antes, porém, Lula terá de
vencer as resistências dentro
do PP, que dá como certa a manutenção de Márcio Fortes. Se
perder Cidades, seu destino pode ser a pasta da Agricultura.
Ontem, no Palácio do Planalto, Lula falou com o PSB por
duas horas e meia e também teve encontros com o PC do B.
"O presidente pretende concluir a equipe ao final da primeira quinzena de março. A decisão do PMDB [de escolher o
novo presidente] é o ponto final para anunciar o novo ministério", afirmou o deputado Beto Albuquerque (RS), que participou do encontro juntamente
com o presidente da sigla, governador Eduardo Campos
(PE), o vice-presidente, Roberto Amaral (RJ), e o senador Renato Casagrande (ES).
"O presidente não está exatamente apressado em definir de
forma imediata seu ministério
para o segundo governo, isso
faz parte ainda de conversações", disse Renato Rabelo,
presidente do PC do B.
Na disputa pela direção do
PMDB, Lula tem preferência
por Jobim, que conta com o
apoio do presidente do Senado,
Renan Calheiros (AL), e do ex-presidente José Sarney (AP).
Lula já decidiu manter Comunicações e Minas e Energia
com o "PMDB do Senado" e entregar Saúde e uma outra pasta,
que pode ser a Integração Nacional, " ao PMDB da Câmara".
Com o apoio de peemedebistas da Câmara e fortalecido pela vitória de Arlindo Chinaglia
(PT"-SP) à presidência da Casa,
o grupo de Temer resiste à indicação de Temporão e quer o
anúncio da reforma ministerial
antes da convenção.
Ontem, Lula deixou claro
que manterá o Ministério de
Ciência e Tecnologia com o
PSB, mas não assumiu o mesmo compromisso no caso da
Integração Nacional.
Lula sinalizou também que
gostaria de ter de volta à equipe
o ex-ministro da Integração
Nacional Ciro Gomes. O ex-ministro deseja permanecer na
Câmara, mas integrantes do
PSB não descartaram a possibilidade de ele mudar de posição.
O governo já admite que nenhum aliado ficará plenamente
satisfeito com a reforma. O
mais difícil é justamente o PT
de Lula, que por isso mesmo ficou para o final nas conversas.
Um dos responsáveis pelas
articulações, Tarso Genro fala
que a partir de terça-feira, depois da conversa com o PT, o
presidente já terá como definir
o ministério, com todos os cenários traçados.
As complicações no xadrez
da reforma se acentuaram depois que Lula decidiu manter
Fernando Haddad no Ministério da Educação, para onde poderia ser nomeada Marta. Lula
ficou impressionado com o plano educacional em elaboração
por Haddad, que deve ser anunciado na próxima semana.
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