|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-diretor afirma que tinha "medo" de assinar cheque em fundação da UnB
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ex-diretor financeiro da Finatec (fundação ligada à Universidade de Brasília), o professor Francisco Ricardo da Cunha, 46, disse que tinha "medo"
de assinar cheques do órgão, se
recusou a autorizar a comprar a
mobília do reitor Timothy Mulholland com dinheiro de um
fundo de pesquisa e afirmou
que não concordava com coisas
"supostamente ilícitas".
Cunha também usou dinheiro da Finatec, quando era diretor, para comprar roupas -um
blazer, camisas e sapato- no
total de R$ 735, segundo divulgou o "Correio Braziliense".
Cunha diz que gastou a maior
parte com equipamento para o
laboratório da universidade-
computadores e cadeiras.
Ele alega que tinha direito a
uma verba representativa de
R$ 30 mil anuais, que, diz ele,
poderia ser usada com gasolina,
restaurante e outros itens pessoais. A assessoria da Finatec
nega a existência dessa verba
que Cunha usou para comprar
roupas e diz que o dinheiro deveria ter sido usado em projetos de pesquisa dos professores
que ocupavam a diretoria.
O Ministério Público do Distrito Federal pediu a destituição da diretoria da Finatec por
uso indevido de verba de pesquisa na compra de móveis adquiridos para o apartamento
funcional do reitor. O professor
está no processo como testemunha, pois não era mais diretor quando da entrada da ação.
Os outros dois diretores da
fundação na mesma época continuam sendo investigados.
Na mobília para o apartamento foram gastos R$ 470 mil
de um fundo de apoio que só
pode ser usado com a UnB e, segundo a Promotoria, deveria
ter sido empregado em pesquisa e ensino. Com o mesmo fundo foi comprado um carro de
R$ 72 mil para uso do reitor.
A decisão de como empregar
o dinheiro do fundo é da administração da universidade, que
então comunica a Finatec.
"Era importante o diretor financeiro assinar cheque, mas
tinha uns que eu não assinava.
Eu tinha medo. Quando veio o
pedido para a compra da mobília do reitor, eu levei para o conselho superior da Finatec, porque eu não ia assinar uma nota
daquelas. Como você vai usar
um fundo de pesquisa para mobiliar um apartamento?", afirmou o professor Cunha.
"Quando a gente compra, a
gente faz uma cotação, eu não
tinha jeito de cotar, você tinha
um sofá de R$ 20 mil e era
aquele que eu teria que comprar. Nas cotações, tinha sofá
de R$ 5 mil, de R$ 4 mil. Eles
pediam sempre materiais muito caros", disse à Folha.
Cunha ficou no cargo de diretor até junho passado, quando renunciou e enviou carta à
Promotoria denunciando a
existência de um "poder paralelo" dentro da fundação.
Ele diz que se sente usado,
assim como diretores que o
precederam. "Eu me sinto hoje
um estúpido. Eu ficava com receio porque tinha coisas que eu
não concordava que poderiam
ser supostamente ilícitas."
A UnB diz que não há irregularidade no uso do fundo e que
os móveis e o carro foram adquiridos sob a rubrica de "desenvolvimento institucional".
Texto Anterior: Tucano terá de provar ao STF recusa de Lula Próximo Texto: Pará: Governo prepara megaoperação para retirada de madeira ilegal Índice
|