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Conflito com MST deixa 4 mortos em PE
Todos os mortos eram funcionários da fazenda; líder dos sem-terra afirma que eles apenas agiram em "defesa do acampamento"
Delegado diz que confronto ocorreu devido à tentativa de reinvasão da área, de onde os lavradores haviam sido despejados há 15 dias
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BEZERROS (PE)
Um confronto envolvendo
seguranças de uma fazenda e
integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) resultou na
morte de quatro homens -todos funcionários da propriedade rural. O crime ocorreu anteontem, em São Joaquim do
Monte, a 134 km de Recife.
Dois suspeitos de participação nas mortes foram presos
em um acampamento do movimento montado em frente à fazenda. Outros dois sem-terra
ainda estão sendo procurados.
Um deles estaria ferido. Os donos da fazenda não foram encontrados ontem pela Folha.
Segundo o delegado da cidade, Luciano Francisco Soares, o
confronto ocorreu às 15h de sábado durante uma tentativa de
reinvasão da fazenda Consulta,
de onde os lavradores haviam
sido despejados há 15 dias por
determinação da Justiça. Cerca
de 80 trabalhadores rurais participaram da ação. Segundo o
delegado, cinco seguranças da
fazenda reagiram à invasão e
houve troca de tiros.
Dois funcionários da fazenda
morreram durante o embate.
Outros dois, segundo o delegado, foram perseguidos e mortos pelos sem-terra longe do local do conflito. Um segurança e
dois lavradores fugiram e estão
sendo procurados.
Foram presos os agricultores
Paulo Alves Cursino, 62, e Aluciano Ferreira dos Santos, 31,
líder do acampamento. Nenhuma arma foi encontrada.
Em depoimento em Bezerros (PE), Santos disse que a briga começou quando um segurança lhe deu um soco na boca,
após discussão sobre um suposto vídeo feito pelo MST no
despejo. As cenas mostrariam
os funcionários armados.
O líder do acampamento negou ter participado do tiroteio.
Disse que só viu um integrante
do movimento armado, Romero Severino da Silva, o foragido
que se feriu. A polícia apurou
que ele se medicou em um hospital de Agrestina e sumiu.
O outro suspeito preso também negou participação nos
crimes. O delegado diz que ele
distribuiu as armas aos lavradores, versão confirmada por
uma testemunha, que também
viu dois seguranças armados.
Ainda de acordo com o delegado, após o confronto todas as
armas foram recolhidas pelos
sem-terra e levadas em um
Corsa. Os suspeitos, autuados
em flagrante sob acusação de
homicídio qualificado, podem
ser condenados a penas de 12 a
30 anos de reclusão.
O líder do MST, Jaime Amorim, disse que os sem-terra só
agiram em "defesa do acampamento". Segundo ele, "pistoleiros armados" ligados à fazenda
fizeram três investidas contra
os lavradores para "tentar matar todo mundo": "Eram 15 pistoleiros armados com pistolas
e espingardas", disse Amorim.
"Eles tentaram desalojar o
pessoal do acampamento Jaboticaba e depois atacaram o
acampamento Consulta." Disse que os acampados se defenderam usando "armas de caça"
que têm para se alimentar. "Se
não reagíssemos, estaríamos
hoje enterrando os nossos".
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