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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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Sobel diz que "prefere não crer"

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O rabino Henry Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, afirmou ter "dúvidas" quanto ao arcebispo de Porto Alegre, dom Dadeus Grings, ""ter sido capaz de falar tamanha inverdade histórica".
"Segundo todos os documentos históricos, 6 milhões de judeus morreram. Se apenas 1 milhão morreu, eu pergunto ao arcebispo: onde estão os outros 5 milhões?", disse Sobel. "Gostaria de crer que ele nunca disse isso. Como não li, prefiro não crer."
A respeito do papa Pio 12, Sobel afirmou: "Ninguém, na comunidade judaica, considera-se detentor das respostas definitivas sobre o comportamento do papa Pio 12 na guerra. Pairam sérias perguntas, que merecem uma resposta mais séria do que afirmações sentenciosas e não comprovadas de que ele se compadeceu do sofrimento dos judeus e fez o máximo para ajudá-los".
"Sabe-se com certeza que ele considerava o comunismo um movimento altamente perigoso para o cristianismo em geral e para a Igreja Católica em particular. O que ainda não se sabe é se essa aversão ao comunismo, aliada à sua convicção de que a Alemanha era o último baluarte contra a ameaça soviética, o inibiu de fazer oposição aos nazistas."
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Jayme Chemello, preferiu evitar a polêmica, mas disse acreditar que "dom Dadeus certamente tem dados em mãos e saberá se defender se for o caso".
Chemello lembrou o fato de Grings ter morado em Roma e até mesmo conhecido pessoalmente o papa Pio 12. "Quanto a Pio 12 ter sido um papa melhor do que dizem, concordo. Quanto aos judeus, sem dúvida eles sofreram muito. Mas não gosto de falar de situações das quais não tenho dados concretos", disse.


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