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Assessor de CPI sabia de esquema
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A CPI do Banestado, criada no
ano passado pelo Congresso para
investigar remessas ilegais de dinheiro ao exterior via contas CC5
(de não-residentes), foi assessorada por Rafael Schimidt Neto, funcionário do Banco Central em Curitiba. Schimidt Neto sabia que
contas CC5 estavam em nome de
laranjas, segundo depoimentos à
Justiça do doleiro Alberto Youssef, dono da Youssef Câmbios, e
do ex-diretor de câmbio e operações internacionais do Banestado
Gabriel Nunes Pires Neto.
De acordo com os depoimentos
de Youssef e Pires Neto, revelados
pela Folha, os responsáveis no BC
pelas operações de câmbio no Paraná George Pantelíades, o "Grego", e Schimidt Neto, o "Alemão",
sabiam das contas de laranjas.
O escândalo do uso de laranjas
para a evasão de divisas e lavagem
de dinheiro veio à tona no início
de 1999, quando o então procurador da República em Cascavel
(PR), Celso Antônio Três, quebrou o sigilo das remessas CC5 de
1992 a 1998. No período, foi enviado ao exterior R$ 124,1 bilhões.
Grande parte disso, segundo Três,
por contas em nome de laranjas.
A maioria das remessas usando
laranjas foi de 1996 a 1998, quando houve a flexibilização da fiscalização pelo BC. Remessas de pessoas físicas superiores a R$ 10 mil
tinham de ser informadas ao BC,
o que não ocorreu no período.
A CPI do Banestado e o BC divergem sobre o período em que
Schimidt Neto trabalhou para a
comissão. Sua função era explicar
tecnicamente à CPI as remessas
por contas CC5. Segundo o relator da comissão, deputado José
Mentor (PT-SP), Schimidt Neto
assessorou a CPI de 18 de julho a
10 de setembro de 2003. Já o Banco Central informou que o período foi menor, de 18 a 29 de julho.
Oficialmente, a CPI do Banestado alegou razões técnicas para devolver o servidor ao BC. A Agência Folha apurou, porém, que os
parlamentares resolveram dispensar Schimidt Neto depois que
sua assinatura apareceu em documentos do BC sobre o assunto.
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