São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

"Surpresa"

A sombra de "uma possível retaliação" de Severino Cavalcanti "por ter ficado fora" apareceu na Globo News.
"Para se defenderem" dela, os líderes aliados já querem que "a pauta seja decidida pelo colégio de líderes e não só pelo presidente da mesa".
 
A sombra surgiu com as entrevistas de Severino. Dele, na Globo, sobre sua influência no engavetamento da reforma:
- Eu não vivo lá no palácio.
Sobre sua "frustração":
- Quem tem a caneta é ele, não eu. Não tem frustração.
Se a ironia severina não bastasse, veio o líder do PP José Janene, na Globo News:
- [No Paraná, Severino] fez trocadilho. Se levar a sério, o governo tem que analisar que as declarações [de Lula] no Espírito Santo foram mais sérias.
À Folha Online, Janene acrescentou que "as declarações de Severino não atrapalham" e sim "quem faz as negociações":
- O palácio foi vacilante.
 
Depois de tudo, no fim do dia vem Severino e diz, ao ser questionado se caminhava para a oposição, na Folha Online:
- Eu gosto é de governo.
E Janene mudou de conversa:
- O presidente Lula tomou uma posição sensata [na reforma]. Não tem problema nenhum em ficar desta maneira.
Disse que o PP é da base aliada desde o começo e "não vai mudar" agora por "um ministério a mais ou a menos".
Arriscou então o blogueiro Ricardo Noblat, em síntese:
- Severino é doido, mas ainda não a ponto de rasgar dinheiro. O PP vive à sombra do governo, qualquer governo. Se baixar a crista e der provas de bom comportamento, poderá mais tarde ser admitido.
 
O Jornal Nacional, na manchete, falou em "surpresa" com "só dois" novos ministros.
Mas, no site do "Wall Street Journal", uma reportagem expressou estranheza, "quando analistas, líderes políticos e cobertura local especularam durante semanas que as mudanças seriam extensas".
Na mesma direção, o site Agência Carta Maior opinou que "a bolsa de especulações e boatos sofreu um baque".

Globo/Reprodução
ATAQUE À CÂMARA
Ainda não se tem idéia do desgaste que Severino vai impondo à democracia. Mas ontem, nos telejornais da Globo, se viam cenas de violência numa pequena cidade a 40 quilômetros de Brasília. "Os eleitores tentaram invadir a Câmara Municipal, alguns tentaram agredir os vereadores, houve feridos." Era um protesto contra a aprovação de um aumento de salários para o prefeito e a vice

Haiti e Iraque
Na BBC Brasil e na transcrição do site do Pentágono, o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, que se encontra hoje cedo com Lula e José Alencar, voltou a tratar do Haiti:
- Não há dúvida de que, conforme você caminha para a eleição, pode haver pessoas que gostariam de intervir para evitar que ela seja bem-sucedida. Nós com certeza vimos isso em outras partes do mundo.
A "lição" de Iraque e Afeganistão, segundo Rumsfeld, é estar "preparado do ponto de vista da segurança" -o que os países "que vêm sendo de tanta ajuda no Haiti já têm na agenda".

"Sob controle"
Também na BBC Brasil, o chefe da missão militar da ONU, o general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro, disse ontem que o Haiti está "sob controle":
- De vez em quando há impaciência e eles querem que resolvamos um problema que se arrasta há 200 anos. Mas tudo o que está acontecendo foi previsto e está sob controle.
Sobre a "convocação" de ações de guerrilha contra as forças da ONU, feita por ex-militares, disse que é preciso distingui-los dos rebeldes. Os ex-militares, segundo ele, querem "o pagamento de soldos atrasados" e, portanto, serão "tratados por diálogo".


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