DA SUCURSAL DO RIO

O resultado da pesquisa CNI/Ibope, que mostra que o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), mais que duplicou suas intenções de voto na disputa presidencial, fez com que o pefelista partisse para ataque frontal contra o governo federal. Para ele, a intervenção na rede municipal de saúde foi um "jogo sujo" para tentar impedir seu crescimento nas pesquisas.
Dependendo do cenário, as intenções de voto em Maia, que estavam entre 3% e 5% na pesquisa de novembro de 2004, subiram para o patamar de 8% a 13%.
"Quando anunciaram o decreto de intervenção nos hospitais, me disseram que se tratava de uma tentativa para impedir que meu nome continuasse a crescer nas pesquisas", afirmou Maia em comunicado. "Não acreditei, porque seria um jogo sujo demais. Hoje [ontem], depois de conhecer os números, vejo que não pode ser mera coincidência. Estou estarrecido. O governo federal chegou ao fundo do poço político."
A pesquisa CNI foi feita entre 10 e 14 de março, após o prefeito ter passado três semanas como o protagonista das inserções diárias do PFL na TV. A intervenção nos hospitais do Rio foi anunciada no dia 10 de março.
Sobre se seria possível o governo federal já saber do resultado da pesquisa no primeiro dia de coleta de dados, Maia disse, por e-mail, que "o governo federal realiza pesquisa sistematicamente".
"O Ibope divulgou a data do campo e, com isso, o governo precipitou a intervenção para afetar o campo de sexta-feira [dia 11] a segunda [dia 14]", afirmou.
O diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Arthur Chioro, disse que "é uma pena que, neste momento de crise, Maia esteja preocupado com pesquisa eleitoral". Segundo ele, o que motivou a ação foi a responsabilidade com a saúde. "Não é necessária motivação política quando o quadro é de uma rede hospitalar em colapso, com falta de medicamentos, de profissionais, salas cirúrgicas fechadas e leitos de UTI desativados." (GABRIELA WOLTHERS)


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